O Jogo dos Peões, de Rob J. Hayes, publicada no Brasil em 2023 pela Editora Faro, faz parte do universo chamado “Técnicas Mortais”, que pode ser lido de forma independente. 

Sobre o livro

Trazendo referências da mitologia asiática, esse é um mundo em que os deuses realizam uma competição para determinar quem governará o Trono de Jade. Essa competição é uma espécie de caça ao tesouro para coletar artefatos mágicos que estão escondidos em diferentes locais. Estes artefatos só podem ser coletados por um ser humano, patrocinado por um deus. 

“As pessoas pensam que a guerra é um conceito imposto pelos poderosos sobre os fracos. (….) Isso é uma mentira. A guerra é algo vivo , algo único para a humanidade que habita o espaço entre os reinos físico e espiritual. “

Quem ocupa o Trono de Jade atualmente é Batu, o deus da Guerra, que há cem anos é responsável pelos conflitos, derramamento de sangue e desespero do mundo. As duas personagens principais, Yuu, também conhecida como A Arte da Guerra, e Natsuko, a deusa das oportunidades perdidas, precisam trabalhar juntas para vencer a competição e retirar Batu do trono. 

No passado, Yuu, enquanto estrategista de guerra, fez um movimento errado, o que teve como consequência a morte do seu príncipe, o chamado Príncipe de Aço . Cinco anos depois, ela é abordada por Natsuko que lhe faz uma proposta: se ela vencer a competição, pode trazer de volta aquilo que a estrategista mais amava e que há muito tempo perdeu. Com uma nova identidade, Yuu precisa desvencilhar de caçadores de recompensas que estão atrás dela pelo seu passado, mas e se houvesse uma maneira de recuperar o que ela perdeu, uma maneira de trazer de volta o príncipe assassinado?


Minha opinião

A escrita de O Jogo dos Peões apresenta aquela emoção divertida de caça ao tesouro enquanto os personagens rastreiam e coletam os itens em uma corrida para decidir quem será o vencedor. O mundo é repleto de magias, batalhas e cenas com criaturas assustadoras (Yokais e outros espíritos/demônios) direto da cultura asiática. 

Nessa busca pelos artefatos, que é a força motriz da história, muitos personagens únicos e bem construídos aparecem, deixando a leitura mais dinâmica e interessante. É possível observar ao longo das páginas que o autor elaborou tramas políticas e jogos mentais que nos prendem do início ao fim. A escrita de Hayes é envolvente e descritiva, e podemos visualizar cada cena com riqueza de detalhes. A trama é muito bem estruturada, apesar de complexa. Isso é ainda mais notável porque o livro pode ser lido de forma independente, mas ainda assim o autor consegue desenvolver a história de maneira coesa e progressiva.

“Nunca ficamos mais vulneráveis do que num momento de vitória.”

Além disso, é interessante notar que, embora a história seja ambientada em um mundo de fantasia, muitos dos temas que o autor aborda são bastante realistas e atuais. A competição pelos artefatos mágicos é uma luta desesperada pela sobrevivência, com cada personagem lutando por seus motivos individuais. As promessas e a corrupção é um tema recorrente em toda a história, mostrando como o poder absoluto pode corromper até os deuses mais poderosos.

relacionamento entre a deusa Natsuko e Yuu foi o ponto forte do livro para mim. Yuu não confia totalmente na deusa, mas a verdade é que ela não tem muita escolha. Por outro lado, Natsuko precisa de Yuu para atingir seu objetivo final e fica cada vez mais claro à medida que a história se desenrola que ela a escolheu por um motivo específico. O mistério que o autor inseriu nesse livro foi também um dos fatores que me mantiveram presa à leitura. 

” Porque nós queremos a mesma coisa: que essa guerra acabe. Todas as guerras. Porque eu sou a deusa das oportunidades perdidas e voce já perdeu oportunidades demais na vida.”

A história de Yuu é bastante envolvente. Não só aprendemos sobre seu passado e como ela se tornou a Arte da Guerra, como também entendemos seu relacionamento com o Príncipe de Aço e por que ela ainda está tão envolvida com a perda dele, cinco anos depois. Mais do que isso, esta história é uma jornada de cura para a protagonista. Um acerto com seu passado, seu presente e sobre se encontrar novamente. Pode ser uma jornada dolorosa, mas as duras verdades que ela tem que enfrentar sobre si mesma fazem valer cada página.

Apesar de ser um universo mais denso, O Jogo dos Peões é uma leitura relativamente rápida, uma vez que a contagem de páginas não é nada assustadora em comparação com muitos outros livros do gênero.

Divertido, emocionante e com um final de cair o queixo, O Jogo dos Peões é uma história que merece mais destaque no mundo da fantasia. Recomendo para quem procura uma história com mitologia asiática, repleta de momentos de tensão, fugas ousadas e deuses vingativos. 

As obras de Rob Hayes tem sido comparadas a Robin Hobb (O Aprendiz de Assassino) e RF Kuang (A guerra da Papoula). E se você gosta de histórias assim, confira também o video no canal do Resenhando sonhos sobre A Saga do Assassino.

O JOGO DOS PEÕES

Autor: Rob J. Hayes

Tradução: João Pedroso

Editora: Faro

Ano de publicação: 2023

Ela quer esquecer os erros do passado, mas os deuses possuem outros planos… Há cinco anos, a renomada estrategista e general Yuu fez um movimento arriscado e o Príncipe de Aço pagou por seu erro com a vida. Agora em fuga, ela confia em sua inteligência para fugir dos caçadores de recompensas. Mas, e se houver uma maneira de trazer de volta a vida um príncipe assassinado? Uma vez a cada século, os deuses realizam uma competição para escolher quem governará o Trono de Jade. Cada deus escolhe um campeão, e o destino do céu e da terra depende do vencedor. Em um tabuleiro cheio de heróis, guerreiros, assassinos e ladrões, Yuu conseguirá sobreviver tempo suficiente para aprender as regras do jogo e, mais ainda… dominá-lo? O “Jogo dos peões” é uma história independente ambientada no premiado universo das Técnicas Mortais. É uma aventura repleta de heróis, deuses, espíritos e magia.

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