Se não houver amanhã é um livro da autora Jennifer L. Armentrout. Sua publicação é de 2018 pela editora Universo dos Livros.

Sobre o Livro

Lena Wise é uma jovem cheia de vida. Popular, com amigos queridos e apaixonada por um deles, acredita que o próximo ano será incrível. Ela já está em busca da faculdade ideal, mas enquanto isso não acontece a ideia é aproveitar da melhor maneira possível todos os dias do seu último ano na escola.

Ela quer passear, curtir com os amigos, ir à festas e quem sabe começar a namorar com Sebastian. Tudo está perfeito. Até que uma decisão muda tudo, e Lena vê sua vida praticamente perfeita se transformar no seu pior pesadelo. O dia seguinte, antes tão esperado, agora se torna motivo de dor e angústia. E ela não quer mais que ele chegue.

“O que eu teria feito naquela noite se eu soubesse que não haveria amanhã? Tudo. Eu teria feito tudo diferente.”

O que fazer quando tudo aquilo que você acredita deixa de existir da maneira que você está acostumada? Como continuar vivendo sabendo que, por sua causa, uma tristeza inimaginável se instala e a certeza de que nada será como antes é o que passa a mover seus dias? E como continuar vivendo quando a culpa vai devorando você de dentro para fora?


Minha Opinião

A minha primeira experiência com o trabalho da autora se deu através da leitura de O problema do para sempre, publicado por outra editora e com resenha que você pode conferir aqui. Confesso que não havia gostado da maneira que ela conduziu a narrativa, então isso me fez iniciar esta leitura cheia de ressalvas. Quando lemos o prólogo a gente já sabe que alguma coisa terrível aconteceu. E esse prólogo termina de maneira tão visceral, que quando o livro começa seguindo os dias de maneira cronológica e contando tudo o que aconteceu antes do fatídico dia, a gente vai avançando na leitura com um misto de angústia e curiosidade. Angústia porque a gente já sabe o que aconteceu e já sente que as coisas não estão bem. E por isso a necessidade de entender como tudo chegou aquele ponto é bem intensa.

Lena tem 17 anos e é aquele tipo de jovem com a qual me identifico quando tive a mesma idade. Nessa fase da vida é comum querer aproveitar tudo ao máximo, porque a gente ainda está naquele momento de amadurecimento quando não somos mais crianças, mas a vida adulta (com o seu peso e suas responsabilidades) ainda parece um tanto distante. Então estudar, ler o máximo de livros que conseguir, fazer amigos e aproveitar os momentos de diversão e prazer é o que acaba preenchendo os dias e é através dessa ideia que a primeira parte do livro se desenrola. A gente conhece a protagonista, suas vontades, seus anseios e vai se apegando tanto à imagem que formamos dela quanto aos personagens secundários que são apresentados, principalmente seus amigos.

 

“Queria experimentar alguma coisa e sempre, sempre chegava à última página me sentindo satisfeita. Porque às vezes os finais felizes só existiam nos livros que eu lia.”

É com estes amigos que Lena está quando ela decide fugir de uma situação ao invés de lidar com ela. E é num carro cheio de adolescentes recém saídos de uma festa na qual a bebida rolava solta, que a protagonista fala pela última vez com seus amigos antes de despertar na cena desesperadora que lemos no prólogo. Esse é o momento que delimita a direção que a história vai tomar, e é a partir deste ponto que deixamos de lado tudo aquilo que havíamos compreendido da personagem até então, porque aquela Lena já não existe mais.

O que fazer e como seguir em frente após uma mudança drástica na nossa vida? E como lidar com a certeza de que essa mudança aconteceu em parte por nossa causa? Essas são questões que a autora levanta e é em busca de respostas para elas que a narrativa avança. A protagonista se mostra uma casca se comparada ao que era no começo, e se fortalecer para preencher esse vazio é o que dá o tom deste livro. É claro, existe a relação de Lena com Sebastian, e para quem lê sinopse uma ideia errada pode surgir a partir dela. Não há aqui uma necessidade do mocinho ser responsável pela redenção da menina que não se sente bem. Há na verdade uma jornada em busca da auto aceitação, da necessidade de ressignificar a vida e de descobrir como seguir em frente quando tudo aquilo que a gente acreditava ter na vida deixa de existir.

Essas questões não são fáceis de ler, nem de lidar na vida real, independentemente da idade que temos, então por isso eu abstraí muita coisa que me incomodou na história. Eu achei a Lena insuportável em vários momentos, intragável de uma maneira que nenhum protagonista que está sofrendo deveria se apresentar ao leitor. Nesses momentos a gente preza pela empatia e eu mesma costumo me apegar tanto aos personagens que chego a sentir suas dores. Isso não aconteceu comigo aqui, e embora eu tenha a certeza de que este é um livro que trabalha temas que precisam ser discutidos nessa fase da vida (luto, perda, responsabilidade, sobrevivência), eu sinto que a autora pesou a mão. O livro praticamente todo foi um passeio entre a autocomiseração e a culpa exacerbada, e isso acabou tornando minha experiência com a história menos satisfatória do que deveria.

“Eu era uma corredora também, mas não a do tipo saudável; eu figuia. Quando as coisas ficavam muito feias, eu caía fora, exatamente do jeito que meu pai tinha feito. Para mim, era uma arte olhar para o amanhã em vez de me focar no hoje.”

De modo geral, não achei o livro ruim. Tirando esses excessos que comentei acima penso que a história coloca em cheque uma situação que acontece todos os dias, [ALERTA DE SPOILER] afinal, quem aí nunca bebeu e dirigiu ou pegou carona com alguém que não estava totalmente sóbrio? Esse tipo de situação e as consequências que advém daí são muito reais e precisam sim ser discutidas, então só pelo fato da autora se propor a fazer isso já ganhou minha admiração. Infelizmente o resultado do trabalho, para mim, ficou aquém do que poderia ter sido e essa pode ser uma opinião inadequada se a gente parar para pensar que vem de uma pessoa que absorveu a história com um olhar mais adulto, levando em consideração a minha perspectiva das coisas.

Minhas ressalvas neste caso são: tente acolher a Lena de maneira diferente da que fiz, dando à ela a possibilidade de ser imperfeita e excessiva mesmo que lá no fundo a certeza de que você faria diferente esteja muito clara. Tente perceber que este livro é uma história que fala sobre o sofrimento causado por escolhas ruins, mas principalmente fala sobre seguir em frente apesar de tudo; mas que lê-lo em um momento em que você não está assim tão fortalecido pode acabar fazendo mais mal do que bem e se este for o caso, deixe ele para depois. Mas se você estiver muito bem e quiser ler um YA que mostra de maneira melancólica sobre tudo o que eu disse aqui, enjoy. E quando terminar, se puder, compartilhe conosco sua percepção sobre essa história.

SE NÃO HOUVER AMANHÃ

Autor: Jennifer L. Armentrout

Tradução: Monique D’Orazio

Editora: Universo dos Livros

Ano de publicação: 2018

Até que uma escolha, um instante… destrói tudo. Agora Lena não está ansiosa pelo dia seguinte. Não quando o tempo que dedica aos amigos pode nunca mais ser o mesmo. Não quando as inscrições para a faculdade podem ser qualquer coisa, menos viáveis. Não quando há o risco de Sebastian jamais perdoá-la pelo que aconteceu. Pelo que ela permitiu que acontecesse. À medida que sua culpa aumenta, Lena está ciente de que sua única esperança é superar o ocorrido. Mas como é possível seguir em frente quando a existência inteira, tanto dela quanto a de seus amigos, foi transformada? Como seguir em frente quando o amanhã sequer é garantido?

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