The Heart of Betrayal é o segundo livro das Crônicas de Amor e Ódio, da autora Mary E. Pearson. O lançamento é da Darkside Books em 2016.

*Esta resenha contém spoilers do livro anterior

Sobre o Livro

Em The Kiss of Deception conhecemos a Princesa e Primeira Filha da Casa Morrigan, a jovem Arabella. Lia estava com o casamento arranjado com o Príncipe de Dalbreck, mas fugiu com sua melhor amiga para tentar tomar as rédeas de sua vida. Enquanto tentava recomeçar, seu pai mandava pessoas em seu encalço, o Príncipe também foi atrás dela, e mais um assassino foi enviado por Venda, o reino rival.

Quando Lia descobre que Kaden na verdade é o carrasco mandado para tirar sua vida, seu mundo cai por terra. Ela começa a trilhar um longo caminho ao lado do assassino e de sua trupe até Venda, para ser entregue ao governante deles, o Komizar. Enquanto ela percorre esse trajeto, Rafe tenta achar uma forma de resgatá-la e seu plano envolve entrar em Venda também como um prisioneiro.

“Mentiras teriam de ser contadas. Confianças, conquistadas. Limites desagradáveis, cruzados. Tudo isso pacientemente entremeado, e paciência não era meu ponto forte.”

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Quando ele se apresenta como um mensageiro de Dalbreck e conta uma história sobre o Príncipe herdeiro querer uma aliança com Venda, o Komizar se interessa e o mantém sob extrema vigília, enquanto ele também observa Lia, que agora sabe quem Rafe verdadeiramente é.

A Princesa Lia, uma prisioneira nesse reino hostil, precisa encontrar uma forma de escapar ou de tirar o melhor proveito da situação, buscando aliados inesperados, brincando com o coração de Kaden ou tentando tramar suas próprias teias ao buscar algum terreno entre os vendanos.

Num cenário onde o Komizar de Venda sabe pouco sobre com o que realmente está lidando e, principalmente o fato de que além de Lia também tem sob seu poder o Príncipe herdeiro de Dalbreck, uma trama política e romântica se forma, pondo à prova a fé de todos em suas capacidades.


Minha Opinião

Eu estava extremamente ansiosa para conhecer essa história e eu simplesmente devorei o livro, mas ao chegar o final, terminei com uma confusão interna sobre o que eu tinha achado sobre os rumos que a história tomou. E, já aviso de antemão que se você não leu o primeiro livro, por favor, pare a leitura por aqui porque você vai estragar completamente sua experiência se continuar acompanhando minhas impressões.

Ao fim de The Kiss of Deception é impossível não pensar em todas as implicações que o fato tanto de Lia chegar como prisioneira à Venda, como Rafe se entregar, apresentando-se falsamente como um mensageiro do Príncipe vão trazer para a história. Parece inevitável que haja uma grande confusão e que Lia vá passar por mau bocados, porém tudo acaba se desenvolvendo com bastante simplicidade.

As primeiras 180 páginas do livro são bastante introdutórias, e eu considero que demorou bastante pro livro mostrar ao que veio. Temos a Princesa andando de um lado para o outro, interagindo com o Kamizar, com Kaden, e se esgueirando para ver Rafe, que agora ela sabe realmente quem é. Aliás, o momento em que ela descobre isso no livro anterior é um dos meus trechos preferidos de KoD.

“Ele olhou pra mim com ares de suspeita. ‘Você é uma moça estranha, Lia. Astuta e calculista, é o que me diz Malich, e dada a jogos, o que eu admiro. Mas não admiro a mentira.'”

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Ela toma um tranco somente quando chega e é despida de suas roupas e obrigada a andar com um saco de batatas, mas logo ela já dá um jeito de fazer sua estadia se tornar mais confortável travando seus duelos pessoais com Kaden. E, nesse livro, muito mais do que Rafe, ele é que é o personagem com mais desdobramentos.

Em The Kiss of Deception descobrimos que ele é um assassino de Venda e que por gostar de Lia decide não matá-la, mas sim levá-la para seu reino e barganhar sua vida com seu soberano. Porém, sabemos muito pouco sobre o personagem e nesse livro temos a oportunidade de descobrir mais sobre sua origem, sua lealdade e também suas motivações.

Isso fez com que eu passasse a compreende-lo um pouco melhor, mesmo que não completamente. É feito todo um mistério sobre quem é o seu pai e eu acredito que essa revelação possa se mostrar algo relevante para o andamento da história.

Em contra partida, Rafe que era o meu personagem preferido do primeiro livro, vira um bobo apaixonado aqui. Ele ainda é muito inteligente e faz boas jogadas, mas sua importância para o desenrolar da história é praticamente nula. Se tivéssemos pulado de sua chegada até o ato final e deletado todas as suas aparições em outras cenas, o resultado seria basicamente o mesmo, ou até melhor. A insistência de sua presença parece servir para: reforçar o romance, garantir que vai haver sim um resgate e fazer com que ele sinta ciúmes.

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Falando em romance, confesso que me decepcionei. Lia aceita Rafe muito bem e rapidamente e cai ao seus pés como se o amor fosse a coisa mais importante do mundo e logo nos vemos mergulhados em uma história da Disney, com o Príncipe e a Princesa em busca de seu final feliz assim que se livrarem do vilão que impede isso. Todo o amor declarado e as afirmações de que sim, “vamos ficar juntos e viveremos felizes para sempre” só me faz pensar que não quero mais que ambos finalizem o livros como um casal. Desculpem ai os fãs do shipp, mas seria mais do que clichê, levando em vista que desde o começo desse livro eles já estão planejando seu final feliz.

Tendo em vista isso, penso que a história agora precisa dar uma boa guinada para apresentar um final satisfatório, já que se tivermos o tradicional final feliz entre o casal principal, pra mim pelo menos, será uma grande decepção. As águas precisam se movimentar, alguém precisa morrer, algo precisa acontecer.

Tirando um ou outro jump, que são bem legais e eu não tiro o mérito deles, esse é um livro seguro e que não arrisca. O que queremos como objetivo final do livro, acontece. O shipp principal está consolidado e a história parece ter ficado sem nenhuma novidade, fator esse que foi o destaque no primeiro livro. E, no quesito final, preferiria que tivesse acabado com a dúvida no ar, acredito que teria sido muito mais desesperador para o leitor.

Lia é um camaleão nesse livro, ela é birrenta mas corajosa, chata mas articulada e o leitor nunca sabe direito o que ela vai fazer. Ela certamente não é mais uma menininha, houve crescimento na personagem. Seu dom ainda segue uma incógnita, tanto pra ela quanto para o leitor e eu realmente espero que isso seja melhor explicado e usado no último livro.

“O dom não pode ser convocado, ele é apenas isso, um dom, um jeito delicado de saber, tão antigo quanto o próprio universo.”

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Venda é um reino fascinante. Aos poucos vamos conhecendo mais sobre esse mundo e sobre seus costumes e os bárbaros vão sendo desmistificados. A cultura entre eles, apesar dos atos de barbárie, é muito rica e há um divisão de clãs entre a sociedade, o que cria toda uma perspectiva que ajuda a criar a atmosfera desse segundo livro. Eles me remeteram muito aos Dothraki, criados por Martin nas Crônicas de Gelo e Fogo, a forma de governo, onde o governante é aquele que assassina o anterior, bem como todo o apresso pelos cavalos, lembra em vários aspectos esse outro povo.

Enquanto eu esperava um desenvolvimento mais político, apesar de conhecermos mais Venda e as implicações da guerra entre os povos, o foco de The Heart of Betrayal fica no romance, e isso é sempre algo que me incomoda. A escrita da autora é ótima, os personagens são cativantes, o livro é fácil de ler, mas além de transformar a história em um conto de fadas, faltou algo. Faltou a ansiedade, a surpresa, a reviravolta. Faltou arriscar.

The Heart of Betrayal é um bom livro, mas sai da zona que eu gosto das fantasias e acaba se posicionando com esse segundo livro em um balaio mais comum. Sendo assim, ainda prefiro o primeiro e aguardo The Beauty of Darkness com alta expectativa para curar as mágoas que esse deixou.

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THE HEART OF BETRAYAL

Autor: Mary E. Pearson

Editora: Darkside

Ano de publicação: 2016

Lia e Rafe estão presos no reino barbárico de Venda e têm poucas chances de escapar. Desesperado para salvar a vida da princesa, Kaden revelou ao Vendan Komizar que Lia tem um dom poderoso, fazendo crescer o interesse do Komizar por ela.
Enquanto isso, as linhas de amor e ódio vão se definindo. Todos mentiram. Rafe, Kaden e Lia esconderam segredos, mas a bondade ainda habita o coração até dos personagens mais sombrios. E os Vendans, que Lia sempre pensou serem selvagens, desconstroem os preconceitos da princesa, que agora cria uma aliança inesperada com eles. Lutando com sua alta educação, seu dom e sua percepção sobre si mesma, Lia precisa fazer escolhas poderosas que vão afetar profundamente sua família… e seu próprio destino.

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