A Incendiária é do autor Stephen King e foi lançado pela Suma em 2018 em capa dura pela coleção Biblioteca Stephen King.

Sobre o livro

Na cidade de Harrison, nos Estados Unidos, dois jovens universitários estavam passando por dificuldades financeiras. Andy e Vicky aceitam participar de um experimento, em troca de dinheiro. Eles se conhecem durante a aplicação que é comandada por um professor conhecido como “Doutor Louco”. Esse teste consistia em injetar uma droga conhecida como Lote Seis em doze pessoas. Destas pessoas, Andy e Vicky foram os que mais sofreram as consequências.

“Deus ama fazer um homem quebrar sua promessa. Faz com que ele se mantenha humilde quanto a seu lugar no mundo e quanto a seu sentido de autocontrole.”

A responsabilidade dessa pequisa está nas mãos de um grupo conhecido como a Oficina, que dizem ter ligação com o governo. Porém, sempre existe uma misticidade em volta deles. Eles são temidos, mas também muito respeitados. E os dois jovens percebem, com o tempo, que podem ter feito uma péssima escolha ao aceitarem participar disso tudo. Seus destinos estarão eternamente ligados ao da Oficina.

Por acaso do destino ou da ligação que compartilham, os dois estudantes acabam se apaixonando e casando. Eles descobrem que após esse experimento, o corpo deles adquiriu certas peculiaridades. Eles possuem alguns dons, são capazes de fazer certas coisas. Além de possuírem uma forte ligação. Dessa união nasceu Charlie, uma doce menina que consegue ser mais forte que os pais juntos. Mas isso chamará a atenção de pessoas perigosas e não demora para que eles embarquem em uma corrida para salvar suas vidas e a da filha. Quais os poderes que essas pessoas possuem? O que é a Oficina? Por que eles estão testando essas drogas?


Minha opinião

Dizem que existe uma primeira vez para tudo, não é mesmo? Pois eu tive a minha primeira experiência negativa com o King. Veja bem, a história não é ruim. A trama é instigante, envolve experimentos do governo, um grupo perigoso e poderes incríveis. Mas a escrita é muito arrastada, com longos parágrafos e várias divagações dos personagens. Acho que posso dizer que boa parte do livro se passa nos diálogos internos de alguns deles. Isso acaba deixando o livro pesado, com uma leitura cansativa e quando percebemos, já estamos adiando o final. Lutei para terminar essa história que, apesar de tudo, tem um bom desfecho – uma forma de calar aqueles que adoram falar que o autor não sabe escrever finais.

É justamente o final que salva e que dá um up na calmaria do livro. Mesmo nas partes de maior ação, achei que tudo aconteceu muito devagar. Mas, verdade seja dita, a edição está maravilhosa. Esse ursinho da capa está em relevo e é uma delícia ficar explorando todas as texturas da capa. Que também tem uma cor linda. Por dentro, a cada início de capítulo, temos marcas como se estivesse queimado e isso, na minha humilde opinião, deu um toque muito especial ao conjunto da obra. Suma surpreende mais uma vez com sua biblioteca King!

Todo esse mistério que envolve a Oficina serve para atiçar a curiosidade do leitor. Sempre ouvimos falar sobre conspirações, coisas que o governo esconde e testes sendo feitos. É normal especular sobre tudo aquilo que é escondido, que nem sonhamos. E aqui temos tudo isso e muito mais. King vai pelo viés do que ele mais sabe fazer. Plantar a sementinha da desconfiança e dos questionamentos. Será que isso já aconteceu? Realmente são realizados testes desse tipo? Para um bom conspirador, meia teoria basta. Os personagens que fazem parte desse núcleo mais misterioso, são muito únicos. Seja o doutor louco, o perigoso Rainbird ou até o General. Todos impressionam pelos métodos e maldade. A Oficina é muito temida e respeitada.

Os poderes que são explorados aqui, também chamam a atenção. Principalmente quando analisados em uma criança de 7 anos. A pequena Charlie me deixou com o coração partido. Uma menina tão pequena e meiga, que chora sempre que faz a “Coisa Ruim”– como ela chama – e que possui um grande amor pelos pais. Mas as aparências enganam, mesmo com essas características ela é muito perigosa, forte e decidida. Mesmo na mais tenra idade ela já precisou aprender sobre o poder que possui e tenta sempre controlá-lo. Apesar das tentativas, nem sempre ela obtém êxito. E isso faz com que algo quebre dentro dela. Vemos em Charlie a típica inocência de uma criança, mas que precisa carregar um fardo tão pesado. Desde muito jovem ela passa por diversidades que a fazem amadurecer, mesmo que precocemente. Ela é uma das personagens que trava batalhas internas após cada uso dos poderes. Ela se culpa, chora, lamenta, mas passa por cima de tudo pelo seu pai.

“Os homens maus estavam chegando, e seu pai sentia dor. Quando ele sentia dor daquela maneira, era difícil para ele pensar. Ele tinha que se deitar e ficar o mais quietinho possível. Precisava dormir até a dor passar. E os homens maus podiam estar chegando… os homens da Oficina, os homens que queria separar os dois e ver a coisa que ela e o pai faziam, saber o que essa coisa provocava e se eles podiam ser usados para fazer outras coisas.”

Andy é um cara incrível. Que atravessa o mundo – quase que literalmente – para defender sua filha. Mesmo possuindo um  poder, ele não é nada se comparado a intensidade do da filha e das dificuldades que ela passa. Por isso, ele precisa usar da sua inteligência para manter os dois seguros. Logo no início, já temos eles correndo para fugir dos agentes da Oficina. Na verdade, boa parte do livro é focada nessa fuga. Talvez esse seja outro motivo que me levou a não curtir tanto essa leitura. Mesmo com alguns ataques e explosões da pequena Charlie, o livro é em sua grande maioria repetitivo e parado.

Mas você já ouviu uma história parecida com essa, não é? Stranger Things é parecido em alguns aspectos. Lembrei bastante da Eleven ao comparar com a Charlie, isso na primeira temporada, quando ela ainda era menor. E mesmo com o xerife Hopper não sendo o pai biológico dela, é possível fazer uma comparação com Andy. Talvez por sua força e dedicação à garota. E uso de drogas para experimentos, de maneira secreta e perigosa, fecharam minhas especulações sobre as semelhanças entre os dois.

“Charlie ainda sentia aquela coisa, a Coisa Ruim, em disparada na cabeça, querendo escapar de novo, fazer outra coisa. Era como um animal pequeno, cruel e um tanto burro.”

Essa é uma trama diferente das que já li do King. É uma história boa, mas mal explorada. Faltou focar mais nas experiências, pois já começamos de supetão com os pai e filha correndo contra o tempo e buscando a salvação. Depois temos apresentações do que aconteceu com idas e vindas entre presente e passado. Mas achei que tudo foi feito de maneira superficial. Poderiam cortar tantas cenas de fuga e acrescentar mais sobre experimentos e de como foi a adaptação de Charlie com todo esse poder. Mas, se você gosta de ficção e longas corridas para salvar vidas, talvez esse seja o livro certo para você.

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A INCENDIÁRIA

Autores: Stephen King

Editora: Suma

Ano de publicação: 2018

Uma criança com o poder mais extraordinário e incontrolável de todos os tempos. Um poder capaz de destruir o mundo. Após anos esgotado no Brasil, A Incendiária volta às livrarias como parte da Biblioteca Stephen King, coleção de clássicos do mestre do terror em edição especial com capa dura e conteúdo extra. No livro, Andy e Vicky eram apenas universitários precisando de uma grana extra quando se voluntariaram para um experimento científico comandado por uma organização governamental clandestina conhecida como “a Oficina”. As consequências foram o surgimento de estranhos poderes psíquicos — que tomaram efeitos ainda mais perigosos quando os dois se apaixonaram e tiveram uma filha. Desde pequena, Charlie demonstra ter herdado um poder absoluto e incontrolável. Pirocinética, a garota é capaz de criar fogo com a mente. Agora o governo está à caça da garotinha, tentando capturála e utilizar seu poder como arma militar. Impotentes e cada vez mais acuados, pai e filha percorrem o país em uma fuga desesperada, e percebem que o poder de Charlie pode ser sua única chance de escapar.

 

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