O Diário de Anne Frank em Quadrinhos é uma adaptação do diário na íntegra que foi publicado pela primeira vez em 1947 e ganhou o mundo com o relato da garota que ficou 2 anos escondida. A trama aqui ganha vida nas mão de Ari Folman e David Polonsky. O lançamento é de 2017 pela editora Record.

Acho que se você ainda não conhece a história de Anne Frank, é preciso correr já para a leitura. Como uma das grandes porta vozes do cânone que envolve a segunda guerra mundial, Anne e o seu diário são imprescindíveis. Quando ganha o caderno aos 13 anos e começa a escrever, ela não faz ideia do que virá em seguida. Aos poucos, através de suas entradas, vemos a mudança drástica de sua vida e o amadurecimento de uma voz que soa consideravelmente mais madura do que a idade que apresenta. Já dizem muitos, que quando a juventude é tirada de nós antes da hora, aprendemos a olhar o mundo de uma forma mais dura.

O que temos aqui é uma nova forma de olhar para essa história, dessa vez através do traço. Não é uma reprodução completa ou totalmente fiel, afinal, como dizem os próprios autores, seria infrutífero tentar retratar as coisas tais quais Anne as teria desenhado. Muitos fatos foram condensados para viabilizar o quadrinho e acho que foi um trabalho bem feito. Há algumas mudanças e pulos que parecem mais drásticos do que no diário, porém, de forma geral, todas as coisas importantes e os sentimentos da menina estão expressos através dos quadros.

Algo que me chamou bastante a atenção foi a forma lúdica e fantasiosa como os autores escolheram retratar alguns dos pensamentos e sonhos de Anne. Acho que conseguiram traduzir de forma muito simples e profunda, algo que a consumia em vários momentos. Quanto mais tempo eles ficavam no anexo, mas a conexão com a realidade se tornava distante, ao mesmo tempo em que essa conexão também significava perigo.

Anne certamente mudou muito nos anos que se passaram e há algumas partes onde seu texto é mantido na íntegra pela eloquência com que se desenvolve. Seus pensamentos são complexos, suas percepções aguçadas e questionadoras e, ao mesmo tempo em que apresenta uma visão unilateral, também consegue se questionar e repensar. Um dos fatos onde isso pode ser encontrado são nas duas maiores relações de conflito que Anne tem na família: a mãe, por quem ela nutre muito pouco amor; e a irmã Margot, que é vista como perfeita e que possui tudo o que supostamente falta em Anne.

Já fazem uns bons anos que li O Diário de Anne Frank e, além de sua narrativa marcante, algo que me lembro de ter achado incrível foi a forma com a jovem vai descobrindo e lidando com sua sexualidade. É uma descoberta controlada e ao mesmo tempo ampla e sincera. No meio da guerra, do medo e do horror, escondida em um local pequeno e apertado, Anne sobrevivia achando formas de ainda assim manter suas pequenas descobertas e aprendizados da juventude.

Ano passado tive uma experiência bem ruim com um quadrinho da mesma temática que saiu pelo Quadrinhos Cia e também resenhei por aqui, pela falta de foco e distorções na história. Eu não concordo com todas as posturas de Anne e acho que ninguém espera que seja assim, mas esse é um relato íntimo que vem sendo publicado e editado por décadas e que deve manter a sua essência sem recorrer a pôr coisas onde antes não existiam.

Pra quem já leu o livro, acho que esse quadrinho vem muito a acrescentar como uma forma mais visual e resumida dos fatos. Porém, exatamente por isso também, não dispensa a leitura do original (ou o tão perto dele temos hoje). Anne já me fez companhia em vários momentos, e foi bom poder reencontrá-la dessa vez em traços e cores.

O DIÁRIO DE ANNE FRANK EM QUADRINHOS

Autor: Anne Frank, Ari Folman e David Polonsky

Editora: Record

Ano de publicação: 2017

Um dos livros mais lidos do mundo agora chega ao Brasil em sua primeira edição oficial em quadrinhos, autorizada pela Anne Frank Fonds Basel “O diário de Anne Frank” foi publicado pela primeira vez em 1947 e faz parte do cânone literário do Holocausto. E agora, pela primeira vez, vem à luz esta edição em quadrinhos. O roteirista e diretor cinematográfico Ari Folman e o ilustrador David Polonsky demonstram com essa adaptação a dimensão e a genialidade literárias da jovem autora. Eles tornam visual o contemporâneo documento histórico de Anne Frank e traduzem o contexto da época no qual foi escrito. Baseada na edição definitiva do diário, autorizada por Otto Frank, pai de Anne – um dos livros mais vendidos do mundo, publicado no Brasil pela Editora Record –, esta versão em quadrinhos torna tangível o destino dos oito habitantes do Anexo durante seus dias no esconderijo.

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