A Linguagem das Flores da autora Vanessa Diffenbaugh foi publicado em 2011 pela editora Arqueiro.

Sobre o Livro

Victória foi abandonada pela mãe logo que nasceu. Já trocou de lares adotivos mais do que pode imaginar, e agora aos 9 anos de idade está indo para sua última tentativa de adoção, na casa de Elizabeth, em uma espécie de fazenda onde além de ter seu vinhedo, sua fonte de sustento, também tem o cultivo de flores, das quais ela desde nova aprendeu o significado e está pronta a ensinar tudo à Victória. 

No entanto, a convivência entre as duas não vai ser fácil. Elizabeth está cheia de amor para dar e disposta a demonstrar de todas as maneiras. Mas Victória não sabe amar e nem ser amada. Uma menina de poucas palavras que não gosta de ser tocada, e tudo o que ela aprendeu na vida é que quando se acostuma a nova casa, ela é devolvida.

“… Se quiser, posso lhe ensinar a flor que significa ódio, mas essa é uma palavra vaga. O ódio pode ser passional ou desdenhoso; pode nascer da antipatia, mas também do medo. Se você me disser exatamente o que está sentindo, poderei ajudá-la a encontrar a flor certa para transmitir sua mensagem.”

página 78.

Paralelo a essa última experiência em “família” que mudou completamente a sua vida, temos Victória aos 18 anos, prestes a deixar de ser responsabilidade do Governo, e indo morar em uma casa da qual vai dividir o aluguel com outras meninas. Mas ela não se importa muito com o futuro e nem em como vai fazer para sobreviver, ela dá um jeito, sempre deu. E é por isso que ao não pagar o aluguel, ela não se preocupa em ir morar na rua e viver na miséria.


Minha Opinião

São duas linhas temporais que a história de Victória é contada. A primeira aos 9 anos quando sua vida parecia enfim estar a caminho da felicidade. Foi adotada por uma mulher sozinha assim como ela, mas que a queria muito, e queria mais que tudo mostrar isso à ela. Contudo, ao conhecermos a outra linha temporal, onde Victória já está com 18 anos e prestes a ir morar nas ruas, sabemos que alguma coisa enquanto conhecia o significado de família com Elizabeth, deu muito errado.

Essas duas narrativas são intercaladas por capítulos curtos, em uma linguagem fácil, mas bastante delicada. E apesar de conhecermos uma história difícil da vida de uma menina, que nunca conheceu outra coisa a não ser rejeição, é, além de interessante, de um aprendizado gigante para todos nós.

Enquanto conhecemos Victória aos 9 anos, e porque ela tem tanto receio de ser tocada pelas pessoas, vamos nos apaixonando cada vez mais pela amizade, que aos poucos e em meio a muita dificuldade, ela e Elizabeth vão criando. A todo momento Victória é surpreendida por Elizabeth, principalmente após cometer alguma arte de criança. Ela que sempre foi acostumada a palavras de ódio e violência, vai descobrir que o amor existe, e está batendo pela primeira vez em sua vida.

O que eu mais gosto na relação das duas é que Elizabeth sabe e entende o que Victória sente. Ela não força a barra, mas também é durona. E tudo o que faz é para demonstrar a essa pequena criança que ela pode sim ser amada. E conforme as duas vão criando seus laços, entrando cada vez mais uma na vida da outra, a angustia em saber o que aconteceu para terem se separado é grande. Criei milhares de teorias: Victória fugiu? Foi devolvida mais uma vez? Elizabeth morreu? Elas brigaram? Como uma história tão bonita teve um fim trágico?

“- Nada de morder – disse, inclinando-se para a frente como se fosse beijar meus lábios rosados e franzidos, mas parou a poucos centímetros do meu rosto, seus olhos escuros perfurando os meus. – Eu gosto de ser tocada. Você vai ter que se acostumar com isso.

Em seguida, abriu um sorriso alegre e soltou o meu rosto.

– Não vou me acostumar – jurei. – Nunca.

No entanto, parei de lutar e deixei que ela me arrastasse até a varanda e para dentro da casa fria e escura.”

página. 18.

Contudo, a Victória de 18 anos também é fácil de se apaixonar. De primeiro momento a gente estranha dar de cara com aquela menina já adulta não se importando com onde vai morar ou o que vai comer. Ela aprendeu com Elizabeth o significado das flores, e é isso que ela carrega consigo todos os dias. É a forma que ela busca em se comunicar com as pessoas e demonstrar seus sentimentos. E parece que é só com isso que ela se importa. Afinal, quando ela finalmente tem que ir morar nas ruas não é com sua sobrevivência que ela está muito preocupada, mas sim, em cuidar de suas flores.

Entretanto, mais uma vez a vida está sorrindo para ela. Ela encontra uma florista com certa dificuldade e oferece ajuda. Ajuda essa que abriu as portas para seu primeiro emprego, que vai ser a coisa mais amada de sua vida. Ela ama flores, e não poderia ficar mais contente em trabalhar com elas. Os clientes vão passar a a amá-la também quando suas dicas e conselhos sobre qual planta presentear seus entes queridos darem super certo. E aos poucos a doce, mas fechada garota vai se permitindo sentir outra vez.

Mas mesmo com todas as oportunidades que a vida tenha lhe dado, Victória é uma mulher difícil de lidar. Seus medos, receios e traumas não deixam com que ela se sinta feliz 100%. A todo momento é como se algo ruim fosse acontecer, mas muitas vezes é por conta de todos esses sentimentos que ela ainda carrega e não sabe lidar, que as tais cosias ruins acontecem. Mas ela sabe e reconhece que a culpa disso tudo é sua. E mesmo sendo horrível ter que lidar com suas mudanças de humor e sentimentos, ela sempre estará propensa a tentar mais uma vez.

“Acredito que você também pode provar que todos estão errados, Victória. Seu comportamento é uma escolha, não quem você é de verdade.”

página 45.

Eu amei principalmente o caminho que a autora escolheu narrar a história. Quando se fala em morar nas ruas, a primeira coisa que imaginamos são as dificuldades em comer; o risco de ser espancado, maltratado ou assaltado. Mas a autora preferiu seguir pelo caminho de que mesmo quando passava o dia todo sem comer, ela sempre encontrava algo para se alimentar no fim ou no início do dia. Sempre conseguiu um cantinho para dormir onde não era perturbada. Encontrou somente pessoas de bom coração que estavam dispostas a amá-la e a não desistir perante seu gênio difícil. E essa escolha da autora, fez toda a diferença na história.

O romance também está presente nesse enredo. Mas como segundo plano, mesmo que apareça bastante. O foco é o desenvolvimento de Victória. Em como ela lida com tudo em sua vida. Em como não é só difícil para as pessoas lidarem com ela, mas principalmente para ela lidar com as pessoas. Eu aprendi muito com essa protagonista, e adoraria que vocês aprendessem também. Saibam que a vida muitas vezes vai ser uma merda, mas você não pode desistir. Siga seu coração, dê chances, descubra o que há de melhor em você e use isso como arma contra todos os tombos que levar.

 

A LINGUAGEM DAS FLORES

Autor: Vanessa Diffenbaugh

Tradução: Fabiano Moraes

Editora: Arqueiro

Ano de publicação: 2011

Um romance de estreia impressionante, comovente e brilhantemente escrito, A linguagem das flores mistura passado e presente, criando um retrato vívido de uma mulher inesquecível cujo talento com as flores a ajuda a mudar as vidas das pessoas, enquanto luta para superar suas próprias lembranças turbulentas. Na era vitoriana, as flores eram usadas para expressar emoções: madressilva para devoção, azaleias para paixão, rosas vermelhas para amor. Ainda criança, Victoria Jones aprendeu tudo sobre essa linguagem, mas sempre a usou para comunicar sentimentos como dor, desconfiança e solidão. Depois de passar a infância em abrigos para menores abandonados, Victoria não consegue se aproximar de ninguém e sua única conexão com o mundo é por meio das flores e de seus significados. Agora com 18 anos, Victoria se vê sozinha e sem ter para onde ir. Ela dorme numa praça pública, onde cultiva um pequeno jardim particular. Quando uma florista local lhe oferece um emprego, Victoria descobre que tem o dom de ajudar as pessoas por meio das flores que escolhe para elas. Mas só depois de conhecer um misterioso vendedor do mercado de flores ela entende o que falta em sua vida. E, ao perceber que está se apaixonando por ele, Victoria é obrigada a confrontar um doloroso segredo do passado e decidir se arrisca ou não dar uma segunda chance à felicidade. A linguagem das flores é um romance emocionante sobre o significado das flores, da família e do amor. **** “O romance de estreia de Vanessa Diffenbaugh é um livro inesperadamente belo sobre um assunto delicado: crianças que crescem sem família e o que lhes acontece na ausência do amor incondicional. Esta é a história de uma órfã que supera as circunstâncias – uma Jane Eyre de nossos tempos.” – San Francisco Chronicle “Ela cresceu em famílias adotivas e, aos 18 anos, está por conta própria. Munida apenas do amor pelas flores e de uma misteriosa sensibilidade que lhe permite escolher a flor certa para cada pessoa, Victoria enfrenta um presente desafiador e um passado espinhoso.” – Chicago Tribune “A linguagem das flores conquista o leitor desde a primeira página.” – Elle “Uma história forte e bem construída sobre encontrar o caminho de volta para casa, ainda que você tenha destruído todas as pontes.” – Jamie Ford, autor de Um hotel na esquina do tempo “A infância de Victoria fez dela uma pessoa solitária e descrente do mundo e de si mesma. Seu contato mais antigo é a assistente social. E a linguagem das flores é a única forma de comunicação que domina. Vanessa Diffenbaugh é um impressionante novo talento.” – Express.co.uk “Gostaria de presentear Vanessa Diffenbaugh com um buquê de bouvárdias (entusiasmo), gladíolos (você parte meu coração) e lisiantos (reconhecimento). Como toque final, ainda acrescentaria um único cravo rosa (nunca esquecerei você). Seu livro é brilhante e você é uma contadora de histórias hipnotizante.” – Brigitte Weeks, crítica literária do The Washington Post. “Victoria tem apenas um interesse verdadeiro: o significado de cada flor. E isso tem sido a única constante em sua vida, através de um labirinto de abrigos, pais adotivos, promessas não cumpridas, oportunidades perdidas e amizades terminadas. Quando não consegue expressar suas emoções, dar flores é a forma que encontra para se comunicar.” – For Books’ Sake

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