As Perguntas Que Não Quero Fazer é da autora Kate de Goldi, lançado no Brasil em 2015 pela editora Fundamento.

Sobre o Livro

Frankie Parsons é um garoto de 12 anos que possui uma mente muito inquieta. Ele está sempre pensando em várias coisas, preocupado com todas as coisas ao seu redor e tentando manter tudo sob controle. Seu refúgio é a mãe, também fonte de preocupação.

Ela não sai de casa há 9 anos e o garoto não sabe muito bem como lidar com isso, ou com os porquês da situação, já que ele os desconhece. Ele mora com a mãe, sua irmã mais velha e Tio George, mas que não é realmente seu tio.

“Perplexo: per-ple-xo. adj., envolto em dúvida e ansiedade por causa de um problema em virtude de seu caráter intrincado, atordoante, confuso.”

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Sua rotina é ir a escola com Gigs, seu melhor amigo, sentar sempre no mesmo lugar, e conversar com ele em sua língua secreta, um idioma que ambos inventaram somente para que eles possam se comunicar sem ninguém interferir. Porém, toda essa rotina pode estar prestes a mudar quando Sydney embarca no ônibus. A garota é nova na escola e está sempre se mudando. E, para sentar, escolhe o banco ao lado de Frankie, iniciando uma conversa com ele. E vai ser ela, junto com sua inquietude e indiscrição em perguntar tudo, que fará o garoto pensar naquelas perguntas que não quer fazer.


Minha Opinião

Esse foi um daqueles livros que me conquistou pelo título e pela capa, mas, acima de tudo, saber que era narrado por uma criança, ajudou ainda mais para que eu desse o start na leitura. Em 2016 eu li alguns livros com narradores infantis e sempre foram experiências muito interessantes, principalmente quando o conceito do livro vive fora de um universo fantástico.

A voz da criança é sempre mais sensível e pura em todos os aspectos, a forma como enxergam o mundo é mais simples, e isso ajuda a conduzir a a história com outros olhos. Frankie, nosso protagonista, não é diferente.

Logo no começo do livro é possível ver como ele se preocupa com coisas peculiares, como por exemplo se há pilhas nos detectores de fumaça, se está tudo certo com o abrigo que eles mantém recheado de mantimentos e como é terrível não haver maçãs ou moedas no pode de dinheiro. Parece logo de cara que ele toma para si a responsabilidade de cuidar de todas as pequenas coisas.

“Ele planejou não ver aquilo nunca mais em sua vida.”

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Apesar de ele ter apenas 12 anos, sua fala é séria e ele realmente parece muito comprometido com tudo ao seu redor. Não vai demorar ao leitor então descobrir o porque disso. A mãe de Frankie não sai de casa a 9 anos e nunca ninguém conversou sobre isso, portanto o garoto sequer sabe o que aconteceu para desencadear isso, ou quais são os motivos que a mantém presa no mesmo lugar.

É através de conversas que ele tem com a mãe e que intercalam os capítulos, que nos é possível compreender um pouco mais sobre como a relação dos dois funciona, e de como ela é um porto seguro para o garoto. Mas Frankie, ao mesmo tempo em que se abre e se refugia com a mãe, também a toma como sua responsabilidade, querendo estar sempre perto para ajudar.

Suas relações são apenas com a irmã e o irmão mais velho, Tio George, as três tias, o melhor amigo Gigs onde a amizade juvenil é representada no melhor estilo de cumplicidade possível e, da estranha Sydney, que entra na vida de todos sem pedir licença. Quando ela aparece com sua personalidade marcante e sem papas na língua, Frankie é obrigado a parar e se questionar sobre certas coisas, pois ela o está questionando. E, é a partir daí que o leitor também começa a compreender o propósito do livro.

“Ele sempre soube disso, supôs. Sempre esteve lá, junto com a vozinha corrosiva.”

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Quando nos proibimos de perguntar, nos escondemos das respostas e do que elas podem significar para nossa vida, e é isso que Frankie faz. Ele apenas aceita a condição da mãe e seu próprio momento, sua mente inquietante e todas as coisas que o fascinam e incomodam. Mas quando isso é quebrado, algo nele passa a buscar soluções e respostas mais avidamente, e o resultado disso pode vir de várias formas. Boas e ruins.

Apesar de Frankie ser um bom narrador senti falta das listas que a sinopse diz que ele fazia, além de que o propósito acaba por demorar um pouco para ficar claro, deixando a trama um pouco sem rumo em alguns momentos. Sydney acaba por tirar o brilho de Gigs da história, já que ela ganha mais espaço conforme há o andamento da trama, e as tias são figuras engraçadas e intrigantes, além de toda uma pesquisa que eles estão fazendo com a ajuda da gata Miss Caloria, para saber sobre a influência dos animais no humor das pessoas.

As Perguntas Que Não Quero Fazer é um livro com sensibilidade e que ganhou o prêmio de melhor livro do ano em 2008, na categoria Jovem Adulto na Nova Zelândia. Para tanto, quem gosta de leituras simples porém com aquele objetivo final de encontrar algo a mais em toda a sua construção, como Passarinha e Claros Sinais de Loucura, esse parece ser uma boa indicação.

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AS PERGUNTAS QUE NÃO QUERO FAZER

Autor: Kate de Goldi

Editora: Fundamento

Ano de publicação: 2015

Não quero ter medo do mundo…
Frankie Parsons é um garoto inteligente, talentoso e faz listas para manter tudo sobre controle. No entanto, ele sente que alguma coisa está errada. Sua mente é inquieta e cheia de preocupações, seja com a ração da gata ou com as pilhas do detector de fumaça. Só quem compreende sua ansiedade e responde às suas perguntas é a mãe, uma mulher que há nove anos não sai de casa. E o mais estranho é que ninguém conversa sobre o motivo de ela viver como um pássaro engaiolado.
Mas a rotina de Frankie começa a mudar quando a confiante Sydney muda para a escola dele e invade o seu mundo com um jeito despreocupado e uma curiosidade irritante.
E é assim que Frankie, com a ajuda de sua implicante irmã, de Sydney e de Gigs, seu leal amigo, tentará desvendar segredos guardados a sete chaves e descobrir as recompensas de falar em voz alta o que antes estava calado.

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