Estrela da Manhã é o terceiro e último livro da Trilogia Red Rising do autor Pierce Brown. O lançamento é de 2016 pela Globo Alt.

Sobre o Livro

*Esta resenha contém spoilers dos livros anteriores

Quando Darrow achou que tudo estava se encaminhando para a realização de todos os seus planos, o seu mundo ruiu. Ares foi morto, assim como o ArquiGovernador de Marte. Quem está comandando agora no lugar do pai é Chacal, seu maior inimigo e, também aquele que lhe mantém em uma caixa, passando por torturas físicas e psicológicas por quase um ano.

Darrow está quebrado. Sem ver a luz do sol ou sequer se levantar, o jovem é apenas um fio daquilo que era, mas mantém sua sanidade da melhor maneira possível, sempre acreditando que ainda não lhe tiraram tudo. Quando finalmente uma luz aparece é para que ele seja transportando dos domínios do Chacal para a Soberana, para ser dissecado e estudado. Achando que finalmente caminha para a linha final do seu destino, uma equipe de Cinzas aparece do nada e tenta o seu resgate.

“Penso em todo o meu povo amarrado na escuridão. Em todas as Cores que existem em todos os mundos, agriolhadas e acorrentadas para que os Ouros possam exercer o seu poder, e sinto a raiva queimar em meio ao buraco que ele entalhou na minha alma. Não estou sozinho. Não sou a vítima dele.
Portanto, deixe que ele faça o pior. Eu sou o ceifeiro. Eu sei como sofrer. Eu conheço a escuridão. Não é assim que isso acaba.”

20161007_004539

Porém, o que Darrow não faz ideia é de todo o caos que se instaurou após sua prisão. O levante aconteceu e muitos das cores baixas conhecem e apoiam a revolução. Entretanto, quem comanda essa confusão é Sevro, o novo Ares. E, se tem algo que Sevro gosta é do caos. Por mais que Darrow jamais tivesse tido realmente o comando, era através dele que se construiu grande parte do plano e graças a sua estratégia pequenos mas importantes passos foram dados. Agora ele não só não detém o comando, como também não é mais o mesmo e precisará se recuperar de tudo o que aconteceu para poder voltar.

Não há tempo e há muito o que ser feito. É preciso combater Chacal, a Soberana e tentar não entrar em conflito com os Lorder Lunares. Em meio a tudo isso velhos amigos e inimigos aparecerão. Cassius volta a cena como peça importante do jogo devido a sua posição e Mustang mantém uma posição incógnita, já que não sabemos o que se passa por sua cabeça desde que descobriu que Darrow é um vermelho. Em busca de uma solução eficiente e do controle do caos da guerra, Darrow novamente vai ter que maquinar e torcer para fazer as jogadas certas, enquanto espera para descobrir o verdadeiro lado daqueles que o cercam.


Minha Opinião

Se tem algo que eu estava com relação a esse livro era apreensiva. Terminar uma trilogia é sempre algo amedrontador para o leitor, principalmente quando é uma história que é realmente boa e exibe um nível de complexidade alto. Mas, para minha felicidade, Estrela da Manhã entregou o que precisava e até um pouquinho a mais em seu último momento.

Todo o leitor de Filho Dourado sabe que a história a se desenrolar nesse livro não será simples e que Darrow provavelmente passará por maus bocados. É inevitável que ele seja torturado ou coisa pior, devido ao fato de ele ter sido capturado e é exatamente esse o cenário em que começamos o livro. Pela primeira vez temos um Darrow completamente quebrado. Ele até pode estar segurando tudo psicologicamente da melhor maneira possível, mas é impossível que tudo o que ele está passando no o marque.

Além disso, temos a tortura física. Ele vai ficar quase um ano enclausurado e grande parte desse período ele ficará em uma caixa, encolhido, onde não é possível se esticar ou levantar. Seus músculos estão atrofiados, sua massa muscular desapareceu e ele é apenas uma sombra do homem que era. Isso dá a seus inimigos um prazer enorme e faz com que o sentimento de vitória esteja com eles.

“Como foi que cheguei aqui? Um menino das minas, agora um senhor da guerra derrotado e trêmulo, mirando uma cidade escurecida abaixo, esperando, contra tudo e contra todos, poder voltar para casa.”

20161007_004214

Mas mesmo quando estava sozinho, Darrow fez amigos, e eles não desistiram de procurar. Logo nas primeiras 50 páginas já vemos uma tentativa de tirar ele da posse dos inimigos e, quando ele retorna para perto dos seus, todo esse tempo depois, o mundo que o espera está ainda mais caótico. Além de toda a recuperação que é necessária para que ele volte a ter sua força, um possível novo entalhe e a recuperação psicológica, o Ceifeiro também ficará cara a cara com sua família e verá de perto a nova realidade dos vermelhos.

Muitos se levantaram junto com a rebelião, montando uma nova cidade. Porém tudo é escasso e eles vivem na miséria absoluta.  Por mais que os Filhos de Ares tentem, é impossível fornecer uma situação confortável a todos. E, estando Sevro no comando, a estratégia não foi exatamente o elemento mais bem pensado. O jovem é bélico, ele gosta da guerra de do clamor que vem com ela, só que essa não é a forma correta de resolver a situação e Darrow sabe disso. Quanto mais as opiniões e pensamentos deles divergem, mais é fácil perceber que algo talvez não tão bacana saia daquilo. Em algum momento os dois amigos vão se chocar pela forma como veem o mundo e o futuro e isso pode mudar tudo.

E, por ser a primeira vez que temos Darrow fora do controle, a forma como ele vai aos poucos vendo e se situando nesse novo mundo é diferente. Não basta apenas ele tomar uma decisão. Por mais que todos olhem pra ele como um líder, fica claro que há dúvidas tanto dele quanto de quem avalia a situação. Primeiro o Ceifeiro precisa se reerguer, pra depois liderar.

Cassius é um personagem super importante aqui. Ele não tinha tido tanto destaque no segundo livro, mas acaba por ser uma peça super importante em Estrela da Manhã. Ele está ao lado da Soberana e como inimigo de Darow é claro que seus caminhos vão se cruzar. Mustang também dará as caras em algum momento do livro. Ela pra mim é a personagem que eu mais tive dúvidas. Será que foi ela quem entregou Darrow? Onde ela estava e qual a posição dela agora que sabe que ele é um Vermelho?

20161007_004254

Eu gosto muito da personagem. Ela é sagaz, altiva, corajosa, confiante, inteligente e sabe muito bem pensar à frente. E, mais do que qualquer coisa ela quer e precisa proteger a ela e ao seu povo. Resta apenas descobrir de qual lado isso se torna mais fácil de acontecer, quando o momento se fizer oportuno e, é essa decisão que esperamos para o momento em que eles se encontram novamente.

Sevro é o meu personagem favorito, ele é completamente louco e descontrolado, mas tem as melhores tiradas. Para aqueles que já leram, ou para quem vai ler, meu momento preferido é a hora que rola a conversa e revelação sobre o “olho”. Nossa, eu gargalhei com aquilo. Extremamente aleatório a história central, mas completamente coerente com a personalidade desse personagem que certamente entrou pro meu hall de favoritos. Outra que eu não dei muito, mas que acabou conquistando sua posição entre os melhor do livro foi a Victra. Ela é sensacional e a forma como o destino dela converge com o de outro personagem é muito legal.

Assim como nos livros anteriores temos a presença de duas coisas aqui. A primeira é a mudança constante da história, com novas inserções, novos problemas e conflitos. Essa não é uma trama fácil de resolver e não é somente matar o Chacal para tudo ficar bem, há uma gama infinita de coisas que podem dar errado e de inimigos que já existem ou podem surgir. A quantidade de dificuldades é compreensível e precisava existir. A segunda é o fato de jamais sabermos exatamente tudo que o personagem está pensando ou planejando. Há sempre algo que ele não nos conta, para que venha a nos surpreender no futuro. Essa artimanha foi muito utilizada nos outros livros, e ajuda bastante a fazer o leitor de trouxa por acreditar em algo e logo ali na frente descobrir que está tudo indo conforme o personagem planejava. Mas é um trouxismo bom pra cacete, viu?

“O governo nunca é a solução, mas é quase sempre o problema.”

20161007_004623

E o final não vem entregue numa bandeja de prata trazendo todas as soluções para todos os problemas do mundo. Fica claro que foi dado somente uma primeiro passo em direção a algo e que há tanto a ser feito à frente. E, algo que achei super importante nesse livro, foi ver o quanto o olhar de Darrow mudou sobre tudo isso. Quando Eo morreu e ele se juntou aos Filhos de Ares o que ele queria era vingança. Porém, com o tempo isso mudou e ele compreendeu que vingar Eo não é o mais importante e sim proporcionar um mundo melhor para aqueles que estão vivos. Quando isso o toca, ele também percebe que é impossível salvar a todos. Não será uma guerra limpa ou sem fatalidades e é preciso aceitar isso para que a situação não lhe arranque um pedaço.

Eu terminei Estrela da Manhã e meu pensamento era: que livro foda, que série foda! E isso é extremamente gratificante. Eu tenho um mau hábito de adivinhar o final dos livros de fantasia, não porque eu quero, mas porque como leio bastante, muitas histórias trabalham os mesmos ângulos ou clichês, e acaba ficando fácil de “supor”. Com esse livro faltavam 50 páginas para o fim e eu ainda não tinha certeza sobre o que iria acontecer e isso é tão legal. Principalmente porque tenho certeza que ninguém adivinhou o “final, final”.

Para quem ainda não começou a ler esse livro ou até a própria série, eu só tenho recomendações a fazer. A escrita do Pierce Brown está mais fluida nesse livro, mas não é leve de nenhuma forma. Está a todo o momento acontecendo alguma coisa e é preciso estar de olhos abertos. Fúria Vermelha, Filho Dourado e agora Estrela da Manhã foram livros ótimos que certamente marcaram o meu ano como uma das melhores trilogias que já li.

“Nossos mundo nos fizeram ser como somos, e toda essa dor que sentimos é para consertar a loucura daqueles que vieram antes, que formaram o mundo de acordo com a sua imagem e nos deixaram a ruína do seu banquete.”

thumb_livro

4estrelasb

ESTRELA DA MANHÃ

Autor: Pierce Brown

Editora: Globo Alt

Ano de publicação: 2016

Darrow teria vivido em paz , mas seus inimigos trouxe-lhe guerra. Os senhores de ouro exigiram sua obediência, enforcaram sua esposa, e escravizou seu povo. Mas Darrow está determinado a revidar. Arriscando tudo para transformar a si mesmo e violar a sociedade dos Ouros, Darrow tem lutado para sobreviver as rivalidades acirradas ás quais reproduzem os mais poderosos guerreiros da Sociedade, ascendeu as fileiras, e esperou pacientemente para desencadear a revolução que vai rasgar a hierarquia por dentro.
Finalmente, chegou a hora .
Mas a devoção à honra e a sede de vingança são profundas em ambos os lados . Darrow e seus companheiros de armas enfrentam inimigos poderosos sem escrúpulos ou piedade . Entre eles estão alguns que Darrow uma vez considerou amigos. Para vencer, Darrow terá de inspirar aqueles acorrentados na escuridão para quebrar suas correntes , desfazer o mundo que seus mestres cruéis construíram, e reivindicar um destino há muito tempo negado – e glorioso demais para abandonar.

Relacionados

Destaques

Insta
gram

[jr_instagram id='3']

Parceiros