Exo é um livro de ficção científica da autora canadense Fonda Lee. Foi publicado no Brasil pela Plataforma 21.

SOBRE O LIVRO

Centenas de anos após a invasão alienígena Zhree, os sobreviventes vivem uma era de paz e cooperação. Os humanos que trabalham diretamente com os alienígenas são marcados e alguns deles, transformados em Exos, ou seja, ganham uma armadura biotecnológica baseada na tecnologia alien.

O jovem Donovam é um deles, compondo o grupo de soldados da SegPac, que busca manter a estabilidade da sociedade. Porém, após uma denuncia anônima, ele e seus colegas perseguem alguns rebeldes do grupo terrorista Sapiência, que prega a guerra contra os invasores.


“Em uma guerra, você empunha todas as armas que você tem, incluindo palavras. Especialmente palavras.”

Entretanto, a investida contra os suspeitos não sai bem e Donovam acaba se tornando refém dos sápios. Enquanto os terroristas decidem o que fazer com ele, Donovam será abalado por uma descoberta que o fará repensar se está do lado certo: dos alienígenas ou da humanidade. Enquanto tenta organizar seus pensamentos, uma nova ameaça se aproxima e que poderá colocar o planeta novamente em guerra.


MINHA OPINIÃO

A primeira olhada nesse livro eu fiquei bem curioso, afinal, falou em invasão alienígena já me ganhou 50%. Porém, por ter uma pegada mais “adolescente” eu fiquei bem receoso quanto às expectativas. E de fato a leitura não me foi tão agradável quanto o esperado.

Narrativas sobre invasão alienígena não são novas. Nem mesmo histórias onde o personagem protagonista se questiona em que lado do conflito deve estar. Mas, a autora até que consegue repaginar um pouco os “clichês” ao nos apresentar os aliens com aparência de cogumelos gigantes (e não homenzinhos verdes), bem como mesclar a biotecnologia alien ao nosso corpo. Mas fora isso, temos uma história padrão.

“Você tem coragem, isso é verdade, mas precisa ter estômago também. Você acha que tem?”

A começarmos pelo personagem Donovam. Ele é um jovem que trabalha para as forças especiais de segurança, a SegPac. Apesar de ser muito jovem, ele já tem grande destaque como soldado. Isso também se deve ao fato de seu pai ser o Primeiro-Mediador, um tipo de “chanceler” entra a humanidade e os zhree. Porém, a relação entre os dois não é das melhores. Seu pai quase nunca está presente, e quando está, é muito frio e sistemático com ele. A única coisa boa são os amigos de Donovam, que o divertem e o alegram.

Mas, essa relação conturbada com o pai, bem como o desaparecimento da mãe quando ele era criança, não é bem trabalhada, comprometendo a personalidade do personagem. Tanto é que, em determinado momento, a autora precisou parar a linha narrativa e dedicar um único capítulo para contar o passado dele, para então voltar à linha atual. Isso não teria sido necessário se a trama fosse nos dando as detalhes aos poucos, seja através de diálogos ou até mesmo de objetos na cena (um foto da mãe guardada no bolso que o personagem olhasse constantemente, por exemplo, ajudaria a compreender a falta que ela faz na vida dele).

Outro ponto que não gostei muito foi na pressa em revelar detalhes cruciais para a narrativa. A descoberta de quem é Max, tida como o terrorista mais procurado, também foi muito repentina e, ainda que tenha grande impacto nos eventos posteriores da trama, ela não foi bem aproveitada. Isso me fez questionar se realmente Max era tão terrorista assim como a história tenta nos convencer.

“Apenas os tolos desejam morrer lutando.”

O livro se estende por quase quatrocentas páginas, mas acredito que poderia ser bem mais enxuta, algo entre duzentas e cinquenta no máximo. Mesmo querendo construir um arco narrativo grandioso – conflito emocional de Donovam, a relação com os terroristas, a segunda ameaça de guerra, os desdobramentos políticos – há pouca história para ser contada. A autora abusa da narração e entrega pouco com diálogos, tornando a leitura em vários momentos cansativa e repetitiva.

Também é válido abordar dois pontos. O primeiro deles é o motivo dos alienígenas estarem na Terra. Eles consideram o planeta um ponto estratégico para sua expansão pelo universo, mas o que a Terra tem a oferecer de tão diferente assim? Isso não é detalhado. Outra questão é a da Sapiência. É vista como um perigoso grupo terrorista, mas quais terrorismos cometeu? A narrativa também não mostra. Com esses dois “furos”, não senti tanta firmeza na narrativa e apenas li ignorando a falta de detalhes que tornariam a trama mais interessante.

“Eles são criaturas antinaturais, ferramentas da opressão, e é o assassinato e não a misericórdia que vai dar um descanso permanente para a alma dos humanos que eles costumavam ser.”

Claro que, algumas ideias propostas pelo livro são bacanas e merecem ser enaltecidas. A começar pelo dilema moral e ético. Quem está certo, alienígenas ou sapiência? A humanidade deve se acomodar e viver em paz ou lutar e conquistar a liberdade outra vez? Todos os opositores do governo devem ser eliminados, mas isso quer dizer também matar inocentes, como crianças, que por causa dos pais são altamente influenciáveis? E se tivesse de escolher entre aqueles que ama e o seu dever para com o Estado, o que você faria? Essas questões achei um acerto dos grandes no livro.

No mais, Exo é uma narrativa leve e que não é tão complexa quanto poderia ser, abordando temas sociais e morais comuns e até um tanto repetitivo. Pode ser que no segundo livro tenhamos um foco político maior, mas eu não apostaria muito nisso. Pelo menos para passar o tempo e relaxar, a narrativa de Fonda Lee se mostra bem competente, e talvez, por apenas este motivo, a leitura se faça valer.

 

EXO

Autor: Fonda Lee

Editora: Plataforma 21

Ano de publicação: 2018

Vive-se um século de paz desde que a Terra foi colonizada por uma poderosa espécie alienígena. Mas, à margem da sociedade, grupos rebeldes humanos resistem. O jovem Donovan Reyes não é um deles. Além de filho do primeiro-mediador do governo pacificador instaurado, Donovan goza de prestígio social graças à sua exocélula – notável tecnologia extraterrestre fundida a seu corpo humano. Ser um exo garante a Donovan um futuro promissor nas forças de segurança. Tudo está em perfeita ordem, até o dia em que um patrulhamento de rotina transforma-se num pesadelo: Donovan é capturado pela Sapiência, grupo de resistência humana cujo objetivo é desestabilizar o governo pacificador e findar o controle alienígena.
Assim, quando descobre que tem em seu poder o filho de um dos homens mais influentes da Terra, a Sapiência acredita ter encontrado barganha ainda melhor. Mas o primeiro-mediador não negocia com terroristas, nem para salvar o próprio filho. Abandonado nas mãos de extremistas a quem será mais útil vivo do que morto, Donovan descobrirá segredos a respeito de sua própria história que o farão repensar de que lado deve lutar. Mas não há muito tempo: o destino da Terra depende da sobrevivência do rapaz. Caso a Sapiência o mate, esse poderá ser o estopim para uma nova guerra intergaláctica.

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