O thriller sobrenatural da autora inglesa C. J. Tudor, Garotas em Chamas, foi publicado pela Intrínseca em 2021.

Sobre o Livro

Uma reverenda se muda com sua filha para uma pacata cidade. Fugindo do passado que a reverenda revive nas recordações, ela busca nesta cidade um recomeço para sua vida. Mas em um lugar aonde todo mundo se conhece, o passado da cidade aparece como feridas que se abrem e cicatrizes que permanecem.

“- […] Não existe Deus. A religião é a causa de todo o mal. Nós somos só animais. Não tem nada depois da morte. O céu e o inferno são produtos do desejos das pessoas.”

O problema já inicia com o fim trágico do reverendo anterior da igreja local. Tudo piora quando a reverenda recebe um presente surpresa e quando sua filha descobre o lado obscuro da cidade. Tudo piora na medida em que o passado vem à tona, atormetando as novas moradoras.

E então as garotas em chamas. Uma lenda, um conto, um folclore. Ou até um pesadelo real…

Minha Opinião

Considero Tudor uma das minhas autoras favoritas e que me traz para um gênero que não curto muito e que está fora da minha zona de conforto: o terror. Por mais que este não seja o gênero principal de suas obras onde prevalece o suspense que tanto gosto, o terror e o sobrenatural são misturados de uma certa forma que traz uma base para entender o universo de sua história.

Eu já li todos os livros publicados dela anteriores a este e depois de 4 livros lidos, podemos perceber seus padrões e seu estilo narrativo. E tudo o que posso dizer é que neste livro ela entregou talvez uma de suas maiores qualidades: o suspense de idas e vindas, reviravoltas constantes, tudo acontecendo muito rápido e uma conclusão satisfatória além de seu final que pode abrir para inúmeras teorias.

Este livro é o perfil fiel ao que C. J. Tudor propõe: um suspense que nos leva para o passado e para o presente que nos prende a cada página e que nos apresenta a diversos plots constantes. Sinceramente pensei que este livro não ia me tocar tanto quantos os outros e acreditei que teria uma pegada mais de terror que de fato de suspense, uma vez que envolveu religião como elemento principal em debate. Mas Tudor consegue me surpreender mesmo que eu já esperasse as surpresas dela. É por isso que sou encantado pela autora!

“- O que nós vamos fazer? Nós. Porque aquilo também era responsabilidade dele.”

Diferentemente dos outros livros, neste a gente não tem muitos capítulos dedicados à narrativa no passado, o que de certa forma até me cansava nos outros livros dela. Este considero como um aprimoramento: aqui a gente de fato acompanha o passado, mas de forma bem sucinta e suficiente para ligar as pontas soltas. Outra coisa também que me surpreendeu foi pelo fato que a cada página as pontas soltas e os problemas a serem solucionados foram se acumulando de uma certa forma que quando cheguei na metade do livro me perguntei se em menos de 150 páginas a autora iria apresentar a resposta de tudo. E pasmem: ela fez isso mesmo!

De todos os livros de suspense que li e os filmes que assisti, eu considero este o que carrega o maior número de mistérios a serem solucionados. E isso aumentou meu conceito totalmente com este livro. Fico em dúvida de dizer se este é o melhor entre os 4 pois eu acho que deveria reler os anteriores para sentir se de fato o é. Porém, posso dizer, com certeza, que é um dos melhores e sugiro que se você é um leitor que ainda está em dívidas de ler algum livro dela, sugiro começar por este.

“- Eu soube que a morte dele foi repentina.
– Sim. Ele se matou.”

Apesar de ter adorado todo o suspense deste livro, é claro que há pequenos detalhes que poderiam ter melhorado a qualidade dele. Primeiro que há curtos momentos que a gente considera um verdadeiro clichê, principalmente nos livros de suspense onde o final sempre entrega uma bomba de respostas de forma fácil, o que perde um pouco a credibilidade. Mas acredito que esta experiência de perceber os clichês só aparece para aquele que tem muito contato com o gênero como eu.

Terminei este livro com gostinho de quero mais. Fiquei imaginando como o potencial desta história poderia se voltar como um filme ou até uma série, e acredito eu que traria muito sucesso. Aguardo ansiosamente para suas próximas obras.

Considero este o suspense mais inteligente da autora, por envolver uma lógica dos fatos muito complexa que a gente consegue acompanhar com fluidez, mas que ao pensarmos como os fatos se entrelaçam na história, a complexidade dela cresce e cada vez mais ficamos curiosos para saber as respostas para todos os mistérios.

GAROTAS EM CHAMAS

Autor: C. J. Tudor

Tradução: Regiane Winarski

Editora: Intrínseca

Ano de publicação: 2021

No novo thriller perturbador e explosivo da autora de O Homem de Giz, uma vigária precisa exorcizar o passado sombrio de um vilarejo assombrado pela morte Há muito tempo uma história sinistra é contada na pequena Chapel Croft. Cinco séculos atrás, mártires protestantes foram traídos, e então queimados. Trinta anos atrás, duas adolescentes desapareceram sem deixar vestígios. E há algumas semanas, o responsável pela paróquia local se enforcou na nave da igreja. A reverenda Jack Brooks, mãe solteira de uma jovem de quatorze anos, chega a esse vilarejo em busca de um recomeço. Em vez disso, encontra um lugar tomado por conspirações e segredos, e é recebida com um estranho pacote de boas-vindas: um kit de exorcismo e um bilhete: Não há nada escondido que não venha a ser descoberto. Quanto mais Jack e sua filha, Flo, exploram a cidadezinha e conhecem seus estranhos moradores, mais as duas se aprofundam em feridas antigas, mistérios e suspeitas. E, quando Flo começa a ver meninas ardendo em chamas, fica evidente que há fantasmas por ali que se recusam a descansar em paz. Neste thriller macabro e cheio de reviravoltas, no qual nem todo mundo é quem parece ser, C. J. Tudor mostra mais uma vez por que é uma das vozes mais originais da literatura contemporânea.

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