Dirigido e escrito por John Lee Hancock (Um Sonho Possível, Estrada Sem Lei e outros),crônixas saxônicas | Resenhando Sonhos é a adaptação do conto homônimo escrito por Stephen King na coletânea Com Sangue (Suma, 2020). A produção inclui o próprio autor, Jeremy Gold, Chris McCumber e Scott Greenberg, a direção de fotografia é assinada por John Scwartzan e a distribuição é da Netflix.

Na trama, o pequeno Craig (Jaeden Martell) é convidado pelo bilionário da cidadezinha onde vive, o Sr. Harrington (Donald Sutherland) a trabalhar para ele, lendo em voz alta semanalmente. Apesar da desconfiança do pai, afinal, Harrington era tido como desprezível por todos, Craig aceita o trabalho e passa anos lendo para o senhor, até sua morte. Porém, mesmo com o improvável amigo morto, Craig consegue se comunicar com o bilionário, que parece interferir com aqueles ao redor do adolescente.


Esbarrar sem querer em um gênero que você não gosta, e ainda por cima uma adaptação de um livro que você nem sabia que existia, podia dar certo por ser uma surpresa. Ou podia acontecer o que aconteceu quando assisti O Telefone do Sr. Harrington, um dos filmes que menos gostei em muito tempo. Com uma fotografia tradicional e uma trilha sonora até que instigante, nada mais me agradou.

Comecemos com os personagens nada marcantes. Craig não tem um único traço de personalidade, muito menos os personagens secundários. Não consigo lembrar de um único nome de seus colegas de turma para citar, enquanto seu pai nem ao menos tem um nome(o que já diz o bastante). O sr. Harrington é quem mais apresenta profundidade: sabemos pelas notícias do passado e por algumas de suas falas que é um capitalista selvagem sem preocupação alguma com outras pessoas, mas demonstra se importar com Craig de uma maneira que poderia ser fofa, se tivesse sido desenvolvida.

Não obstante, se Martell consegue entregar uma boa atuação ao menos nas cenas de “terror”, Sutherland não inova em nada em momento algum. O que assistimos é uma reprodução de sua performance como o presidente Snow em Jogos Vorazes, sem ,entretanto, ter o devido contexto para tornar sua frieza e distância assustadoras.

O roteiro é, para dizer o mínimo, caótico. Uma vez que nem a relação entre menino e magnata, nem as interações escolares de Craig, nem a dinâmica familiar do jovem foram bem exploradas, tudo parecia avulso o tempo inteiro. A linha cronológica, conforme o passar do filme, também se tornou um problema sério; saltos temporais eram dados sem uma mínima mudança de cabelo e maquiagem, o período avançado é impossivelmente longo, entre outras falhas.

O verdadeiro valor do dinheiro é medido em poder.

Mas, acima de tudo, o que realmente me irritou foi a tentativa de terror. Não só não foi assustador, como caímos rapidamente no “protagonista perdido”, que continua fazendo o que sabe que não deve para… Ter história? Porque essa é daquelas histórias em que se o personagem principal pensasse duas vezes, a trama já não se sustentaria. Sem falar que há uma tentativa boba de deixar uma dúvida se os acontecimentos são de ordem sobrenatural, mesmo não havendo nenhuma outra explicação disponível, para os personagens ou para os espectadores.

O final não poderia ter sido mais preguiçoso do ponto de vista narrativo, o que só arrematou a minha decepção com a história. Acho que a pior parte é que não percebi ao menos uma mensagem que fosse trabalhada ao longo do filme; o mais perto que chego de uma é algo na linha de “violência gera violência” ou “o caminho mais fácil não é sempre o certo”, mas sem profundidade alguma. Nã tenho o hábito de assistir filmes de terror, mas se é isso que você está procurando, recomendo fortemente que O Telefone do Sr. Harrington não seja a sua escolha.

O TELEFONE DO SR. HARRINGTON

Diretor: John Lee Hancock

Elenco: Jaeden Martell, Donald Sutherland, Kirby Howell-Baptiste, Joe Tippett

Ano de lançamento: 2022

O jovem Craig faz amizade com o bilionário idoso John Harrigan. No entanto, quando o homem morre, ele descobre que ainda pode se comunicar com seu amigo na outra vida. Mas o contato com o outro mundo pode ser perigoso e logo cobra seu preço.

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