Lançado em 2017 pela Editora Patuá, Quando Vieres ver um banzo cor de Fogo é um livro de poemas escritos por Nina Rizzi.

Sobre o Livro

Reunindo poemas sobre relacionamentos, situações cotidianas e sentimentos típicos da realidade moderna contemporânea em ânsia de sentir mais, “Quando Vieres ver um banzo cor de fogo” é composto de três partes, intituladas “Carne carme”, “Amar a poema” e “drama-poesia”, constituídas de poemas eróticos, amorosos e de teor bastante pessoal que mesclam idiomas e utilizam de jogos de palavras para compor os versos.

“Dias assim de entremeios/ De inventar jeitos de brincar / De alegrias findas as vindouras/ Um livro na cabeceira que teimava/ Não ser escrito ser incêndio a bordo/ Quando vieres ver um banzo cor de fogo.”

Com produções que também usam um pouco do espanhol e do inglês, os versos falam de modo sensível sobre sentimentos de amor, de falta, de ânsia e desejo, misturando todas as temáticas com situações cotidianas das grandes metrópoles, com pensamentos individuais sobre o futuro e com menções a figuras ancestrais que sedimentam a produção da autora.


Minha Opinião

Não tenho um costume muito grande de ler poesia, é uma falta das minhas experiências de leitura que busco aos poucos atenuar. Então, quando conheci a Nina Rizzi, fiz isso por meio da faculdade, em uma palestra em que a autora me conquistou pela personalidade e pela fala em meio ao assunto discutido. Encantada com a escritora, busquei a escrita e me surpreendi com uma coleção de poemas diversos que versam sobre amor, escrita e múltiplos sentimentos que nos atingem dentro da perspectiva social em que estamos localizados.

Sendo uma poesia moderna, um dos aspectos mais interessantes e que já chamam a atenção é o modo como Nina Rizzi refere-se ao conceito de “Poema”, atribuindo a ele a perspectiva de “a poema”, como se fosse um equivalente à outra pessoa com quem a autora dialoga em diversas páginas. Personificada, “a poema” é quase uma personagem que é tratada sob a perspectiva da metalinguagem.

“Eu revejo fotos procurando ossos/ Por trás da câmera e eu não vejo/ Mais que uma poema.”

Além disso, a autora usa bastante de neologismos e brincadeiras com palavras para compor as produções, misturando uma palavra na outra para reforçar o tom que a mensagem quer passar na narrativa. Junta-se a esse elemento a perspectiva de misturar idiomas, com a presença do espanhol em constantes brincadeiras entre troca de palavras e também a presença de referências em inglês. As misturas de palavras e de idiomas dão mais modernidade aos versos e ressaltam a pluralidade com que eles são construídos.

Abordando diversas temáticas de entre amor até erotismo, o livro apresenta fortes descrições corporais, com a perspectiva de movimento marcada para ressaltar a liberdade do corpo, seja ele físico ou escrito, uma vez que a poema da autora é tão livre e dinâmica quanto as descrições físicas que são feitas.

Entre os tópicos tratados, a presença das mudanças de idioma reforça um caráter de herança genética, seja da América latina, seja indígena ou moderna. Colocados em diversas perspectivas, o livro tece os seus tópicos de forma bonita, sincera e visceral, sendo uma coletânea ótima para conhecer outra vertente da poesia nacional contemporânea.

QUANDO VIERES VER UM BANZO COR DE FOGO

Autor: Nina Rizzi

Editora: Patuá

Ano de publicação: 2017

uma voz me atravessa a Noite, lentamente. como a base escura de um dente 52, escondido pelos lábios quase finos, tantos grossos, que se me revela junto ao sono supitante. esse dente que me marca em visita. ele me visita. os cantos mais secretos e os rios que rebentam sua ausência y diz: banho-o. como me banha a língua da mesma boca-voz. uma voz me rasga. repito: uma voz me atravessa os olhos, a garganta. eu queria dizer que uma voz me atravessa os olhos, a garganta. mas uma voz me atravessa os olhos, a garganta. ainda que não erga um sítio, é urgente, urgentíssimo reencontrar a voz. enlaçar-me à voz, num tango, num baião de dois, até o silêncio, até à comunhão dos rasgos e o atravessamento. hasta el libro de los abrazos.

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