A Torre Negra é baseada na obra homônima de Stephen King, composta por 8 livros e já totalmente publicada. A direção do filme é do dinamarquês Nikolaj Arcel (O Amante da Rainha), e não se encaixa como uma adaptação direta nem expansão do universo, sendo realmente uma reconstrução da trama a partir de um novo olhar, mas mantendo a utilização dos elementos centrais.

A história trabalha um universo composto por dimensões paralelas, onde mundos coexistem sem saber da existência do outro. Quem mantém tudo isso ileso é a Torre Negra, já que um mal poderoso assombra suas beiradas, querendo entrar. Por milhares de anos os pistoleiros foram responsáveis por proteger a Torre, mas essa raça está quase extinta, restando apenas Roland Deschain, um homem amargurado e em busca de vingança. Do outro lado temos o Homem de Preto, um feiticeiro poderoso que almeja derrubar a torre e ser o mestre do caos que virá se instaurar, para isso ele precisa encontrar uma criança que possua poder suficiente para tal.

Vivendo em nosso mundo, o mundo-chave, temos Jack Chambers, um jovem que luta com pesadelos desde a morte do pai e o que ele sonha, vai além do seu próprio mundo. Ameaçado pelo que vê toda vez que fecha os olhos, Jack irá atrás de respostas e logo entrará na mira do Homem de Preto. Tentando encontrar uma saída, seu caminho se cruzará com o do Pistoleiro e eles terão que impedir que os mundos que eles conhecem desapareçam.

A primeira coisa que está errada com esse filme é a sinopse. Ela é um resumo do primeiro livro e não do filme, já que essa não é uma adaptação direta. Com isso, parece que nos é prometido algo e entregue uma sequência bem diferente. A segunda coisa diz respeito a contextualização e continuidade. Se eu não tivesse livro o primeiro livro muita coisa ficaria perdida pra mim. Por mais que a apresentação seja diferente, as motivações, origens e princípios de cada personagem são esquecidas no filme, deixando o espectador a se perguntar de onde saíram, porque são únicos (se são?) e como funciona aquele universo.

Universo esse que é amplo e também mal explorado. O que é uma pena, pois ao invés de termos uma sequência épica de muitos filmes, é bem possível que essa história pare por aqui. E eu nem vou reclamar sobre a adaptação diferente do livro, pois na minha opinião, o primeiro livro da série não é dos melhores e, mesmo que sem profundidade, o filme monta melhor o quebra-cabeça em certos aspectos.

Idris Elba passa longe de ser o Pistoleiro bad ass que o papel exigia. Pode ter sido questão de direção ou de simplesmente o filme não exigir que ele tomasse essa postura. O que é uma pena. Matthew McConaughey é inexpressivo, mas não acho que ele tivesse muito com o que trabalhar também, afinal só fica andando de um lado para o outro. Pra mim, a peça que salva um pouco da história reside em Tom Taylor. É ele que move os outros dois e mesmo sendo um garoto, consegue mudar as peças de lugar a ponto de ser possível apreciar o filme. Ele é também uma das adaptações que mais gostei, pois é mais velho aqui, o que retira muito do seu lado indefeso ou de dependência que aparece no livro.

A batalha final, que deveria ser épica, falha. Os efeitos especiais são bem pobres e depois de tamanho barulho sobre a rivalidade dos personagens envolvidos, estava esperando algo épico. Mais sensação de perigo, mais tensão. Não veio.

E não me entendam mal, o filme não é de todo ruim. Visto em caráter de extremo entretenimento, você vai conseguir aproveitar. O problema é que falta pedaços, explicações, continuidade. E tudo isso gera, consequentemente, uma falta de conexão entre quem assiste e o que está sendo assistido. Sem falar que provavelmente não vai agradar em nada aqueles que são fãs da série de livros, devido a todo o picote feito entre os livros.

Eu me diverti assistindo e tentei ignorar ao máximo tudo de errado que eu estava vendo. Desde que saíram os trailers foi fácil entender que o filme tomaria um caminho completamente diferente, mesmo que isso não anule de forma alguma os problemas aqui. O meu sentimento final é realmente de desapontamento pelo amplo universo que parece ter sido jogado fora e que poderia ser tão melhor explorado. Mas, tudo isso se dá pelos detalhes técnicos e não “pelo que foi adaptado”. Eu não sou fã do primeiro livro, intitulado O Pistoleiro e, em termos de exposição de algumas coisas – do qual reclamei nessa crítica -, o filme se sai até melhor. Talvez, se pudéssemos combinar ambos, teríamos um resultado mais aceitável.

Se você tem curiosidade com a história, recomendo que assista o filme. São atores com renome, numa história com muito potencial e, se você quer somente algo diferente para passar o tempo, o filme não vai decepcionar nesse aspecto. Agora, se você é fã da série ou tem um olho atento aos detalhes, já vá com tudo isso em mente, pois é preciso relevar um punhado de coisas pra conseguir elevar o patamar de A Torre Negra.

Caso você tenha interesse de saber mais sobre os livros, temos um post fazendo um breve resumo de todas as oito obras, aqui.

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A TORRE NEGRA

Diretor: Nikolaj Arcel

Elenco: Idris Elba, Matthew McConaughey, Tom Taylor (IV) e mais

Ano de lançamento: 2017

Um pistoleiro chamado Roland Deschain (Idris Elba) percorre o mundo em busca da famosa Torre Negra, prédio mágico que está prestes a desaparecer. Essa busca envolve uma intensa perseguição ao poderoso Homem de Preto (Matthew McConaughey), passagens entre tempos diferentes, encontros intensos e confusões entre o real e o imaginário. Baseado na obra literária homônima de Stephen King.

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