Este é o último filme da franquia de “Transformers” dirigido por Michael Bay e com Mark Wahlberg no elenco – ambos declararam que não participarão mais da série.

É uma piada pronta saber que Michael Bay e Mark Wahlberg não querem mais participar das sequências de Transformers para o cinema. Significa que nem mais o diretor, nem mais o protagonista as aguentam. Os críticos também já não as aguentam mais, só que já era assim desde sua estreia. Os fãs, contudo, são os únicos que ainda acompanham a saga – e é pra eles que a série bilionária é feita. Os “cinéfilos” que avaliam os Transformers como se fossem assistir a um filme do Fellini não estão inclusos no segmento o qual o filme busca agradar. Não é arte. É entretenimento – e a própria obra não quer ser mais nada senão isso. Por que então não a avaliar como tal?

Admito que fui ao cinema com as pedras na mão, mas bastaram as primeiras explosões e piadas forçadas para eu lembrar que estava a ver um filme que não está lá para se levar excessivamente a sério, que sabe que é uma porcaria e que os críticos o acham um lixo e que se permite ser nada mais do que algo que se propõe a entreter jovens. Transformers é, portanto, uma porcaria sincera, e eu acho isso ótimo. Acho até que é uma porcaria muito bem-feita (é necessário muito talento, aliás, para se fazer uma porcaria que se preze).

Eu não estava afim de refletir sobre a existência. Eu não estava afim de me envolver em experiências cinematográficas transcendentais. Eu não estava afim de sair da sessão a elucubrar inúmeros questionamentos sobre a condição humana. Apenas assisti a um filme, entreti-me (mesmo que parcialmente porque não achei o filme lá grande coisa) pelas 2h30 de projeção e depois fui embora. Pronto. Eu esperava algo mais além disso? Não. Então por que eu deveria criticar o filme por querer ser uma simples peça de entretenimento e deleite para os fãs de HQs e desenhos?

Parte do charme de Transformers é que seus filmes são clichês paradigmáticos. Você vê ali todo o beabá hollywoodiano de produção de blockbusters engendrada – e são bons clichês porque não subestimam a audiência. A barra não é forçada além do razoável e as informações necessárias para o espectador são sempre entregues com competência. Michael Bay tem muito cuidado em criar imagens com muito movimento e informação – é possível perceber uma lógica coesa e pensada em seu trabalho. Assim, julgo este filme uma produção honesta. Vale mais, pra mim, que a obra cinematográfica pretensiosa e, às vezes, arrogante.

O diferencial do roteiro de O Último Cavaleiro é o background histórico que o envolve, o que incluiu uma sacada que achei bem interessante. A premissa aqui é a de que há uma relação entre as lendas arturianas, isto é, o mito de Lancelot, do Rei Artur, Merlín, Cavaleiros da Tábula Redonda e tudo o mais, com o passado dos autobots na Terra. A partir daí, a história envolve todos os pontos de sempre, forma-se um branquíssimo par romântico, tem aquele personagem que ajuda o protagonista e morre emocionalmente no fim, sentimentalismos em relação ao passado, malvados que viram bons, etc. Tudo engendrado bonitinho em termos da estrutura clássica de um roteiro de blockbuster.

Pode-se fazer críticas em relação ao branquíssimo casal principal, contudo, a reclamação de falta de diversidade geralmente não é feita de volta para obras que não são condenadas à lata do lixo pela crítica. Não vejo ninguém reclamar da falta de negros em filmes do Stephen Spielberg, do Alejandro Iñarritu, ou sei lá quem conceituado seja. Transformers, inclusive, esforça-se até demais em manter seu elenco etnicamente diversificado, ao menos entre seus coadjuvantes, tanto é que há personagens negros comandando uma batalha medieval na Inglaterra do século V, o que não faz nenhum sentido.

Entre os inúmeros clichês, as piadas são pastelonas, poucas são boas, todas despretensiosas e diversas delas são sobre sexo, e, às vezes, flertam com o machismo (contudo, o filme trata com respeito sua personagem feminina, o que, infelizmente, ainda é incomum para um blockbuster). Aliás, nenhum ator se destaca: Mark Wahlberg atua mal como de costume, a jovem Isabela Moner demonstra potencial e Anthony Hopkins faz o café com leite. A parte técnica do filme é muito boa, os efeitos todos são profissionalíssimos e a fotografia é saturada, realçando cores, principalmente as mais quentes.

O mundo não precisa de mais uma sequência de Velozes e Furiosos, nem de outro Piratas do Caribe, nem de mais Transformers e muito menos de outro filme de super-herói. Mas e daí? O mundo também não precisa de mais críticos de cinema…

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TRANSFORMERS 5: O ÚLTIMO CAVALEIRO

Diretor:Michael Bay

Elenco: Mark Wahlberg, Laura Haddock, Anthony Hopkins e mais

Ano de lançamento: 2017

O gigante Optimus Prime embarcou em sua missão de encontrar, no espaço sideral, os Quintessons, os possíveis seres criadores da raça Transformers. O problema é que, enquanto isso, uma nova ameaça alienígena resolveu destruir a Terra.

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