As Flores do Mal é do poeta crítico francês Charles Baudelaire. Ele foi relançado pela editora Martin Claret em 2018.

Sobre o livro

Lançado pela primeira vez em 1857, contendo 100 poemas, Les Fleurs du Mal, reproduzem sentimentos que arrebatam o ser humano. Desde amor até o mal, passando por segredos que existem nas nossas almas, explorando a inquietude que parece perseguir as pessoas e todas as dúvidas sobre o céu, purgatório e inferno. Essa poesia moderna e simbolista é considerada um marco e seu autor um de seus percursores. Tanto que, no mesmo ano que foi lançado, acusaram-no de ultrajar a moral pública. Sendo seus exemplares apreendidos e o autor e a editora obrigados a pagar multa.

“E as minhas unhas, como aquelas das harpias,

Acharão o caminho até o seu coração.”

Seus poemas trazem reflexões e, principalmente, palavras consideradas condenáveis naquela época: palavrões, demônios e descrições sobre sexo. Com essa afronta à sociedade da época, teremos uma descrição minuciosa sobre o tédio no poema Ao Leitor. Também teremos uma análise sobre o Remorso em O Irreparável, nos perguntando como conviver com esse sentimento? Como lidar com ele? E revelando o quanto ele pode ser problemática em nossa vida.

Em Uma Carniça, a descrição profunda e minuciosa de uma carcaça em decomposição encontrada em seu caminho, nos lembra sobre a nossa própria mortalidade e fragilidade, fazendo com que repensemos nosso lugar no mundo. Com diversos poemas para todos os gostos e reflexões, fica praticamente impossível descrever cada um dos temas presentes nessa obra e quão fácil ela flui para o seu leitor.


Minha opinião

Quando observamos esse livro pela primeira vez, é impossível não ficar encantado por todo o trabalho que existe nele. Uma edição luxuosa, em capa dura e com um trabalho interno de encher os olhos. Quando adentramos suas páginas e conhecemos seus poemas, nossa certeza da beleza desse livro, tanto internamente quanto externamente, apenas se confirma. Eu duvido que você não encontre pelo menos 10 poemas que toquem você. Em sua primeira edição, quando seus exemplares foram retirados de circulação, a obra contava com apenas 100 poemas, nesta edição, temos um acréscimo de mais poemas, principalmente alguns “poemas proibidos”. Tudo muito moderno para a população da época. Mas será que não seria moderno para a nossa situação atual? Às vezes me questiono sobre isso.

Desde o primeiro poema percebemos que ele é um “poeta muito moderno” e que, realmente, estava muito à frente do seu tempo. Pelas palavras usadas e pela ferocidade da sua escrita. Tudo isso aliado ao que vemos sobre sua ousadia. Baudelaire é diferente daqueles poetas que as pessoas acreditam falar apenas de amor, aqui suas paixões vão além. Desde sua indignação com o tédio até sua ânsia por respostas sobre questões existenciais.

“Qual jovem passarinho a tremer que palpita,

Esse coração rubro arrancarei do peito.

E saciando essa minha besta favorita,

Vou atirá-lo ao chão com desdém, sem respeito!”

Nas suas palavras sentimos uma força, uma inconformidade. Sua crítica é motivada por algo que lembra a raiva, que transborda dessas páginas. No entanto, além desses poemas ferozes e cheios de palavras que arrepiariam os mais conservadores, também temos uma visão mais simples e sentimental. Principalmente sobre os gatos. Contei três poemas que falavam diretamente sobre esses animaizinhos. Desde sua relação e sentimentos despertados por eles, até uma descrição eloquente de sua aparência percebendo detalhes que, muitas vezes, passam sem que vejamos. Ele eleva esses bichinhos ao patamar de deuses.

Ele também fala sobre figuras mitológica, usa e abusa das melhores descrições sobre musas, a beleza da natureza, as estações e o quanto elas influenciam na vida das pessoas e locais que vão desde os mais belos até os mais sofridos. O poeta é implacável e certeiro em suas descrições, primando pelos detalhes e explorando seus sentimentos.

“No meio dos sabás os fetos cozinhando,

Velhas diante do espelho e crianças despidas.”

Ao seu final, temos uma coletânea de versos do autor que foram incluídos em 1866. A maioria é inédita ou foi condenada. Nelas notamos um amadurecimento maior na escrita do autor, explorando novos locais e trazendo algo mais adulto e explícito. Esse é um daqueles livros que você pode ir lendo em pequenas doses. Cada dia você pode explorar um de seus poemas e refletir sobre as entrelinhas de cada um. No entanto, já aviso, a leitura flui tão rapidamente que, quando você menos perceber, já estará chegando ao final dessa obra e com uma lista de poemas preferidos.

 

AS FLORES DO MAL

Autor: Charles Baudelaire

Tradução: Mário Laranjeira

Editora: Martin Claret

Ano de publicação: 2018

O poeta crítico francês Baudelaire inventou uma nova estratégia da linguagem, incorporando a matéria da realidade grotesca à linguagem sublimada do Romantismo, criando, dessa maneira, a poesia moderna. Suas poesias retratam a inquietude, o mal, o degredo e as paixões da alma humana.

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