Publicado originalmente em 1937, Capitães da Areia é um romance do baiano Jorge Amado e possui uma edição pela Companhia de Bolso de 2009.

Sobre o Livro

Os Capitães da Areia é um grupo de crianças e adolescentes órfãos e abandonados em uma cidade da Bahia. Precisando sobreviver enquanto vivem na miséria, na fome e na ausência de uma família, estes jovens se transformam em crianças marginalizadas.

Este grupo de crianças é conhecida em toda a cidade através dos jornais diários. Os Capitães da Areia cometem inúmeros delitos desde roubos e pequenos furtos, até mutilações contra suas vítimas. Sendo crianças extremamente marginalizadas, são alvos constantes de buscas pela polícia e acabam se escondendo em um velho trapiche abandonado.

“- Esse menino promete. É pena que o governo não olhe essas vocações…”

Mesmo que a desigualdade social do Brasil prevalece até os dias de hoje, Jorge Amado apresentou em 1937 a realidade de muitas crianças brasileiras que não possuiam acesso a educação quanto menos a uma dignidade de vida. E este livro por mais antigo que seja é um reflexo até hoje da sociedade. O resultado disto foi a marginalização de suas vidas inocentes. E a consequência desta marginalização é o que você poderá observar neste romance altamente criticado na sua época.

Minha Opinião

Livro famosíssimo nas escolas do nosso país, os Capitães da Areia merece ser lido de forma a eternizar esta obra já que mesmo sendo publicada há quase 100 anos atrás o livro se aproxima fortemente da nossa realidade. E por tanto se torna uma obra até um certo ponto amarga de ser lida por possuir cenas fortes e marcantes quanto ao roubo, as agressões físicas e até sexuais.

“[…] A liberdade é como o sol. É o bem maior do mundo.”

O que me chama muito a atenção é como as crianças, entre os seus 6 e 16 anos, possuíam características e personalidade de um jovem adulto. É quase impensável olharmos para estas crianças no livro e tentarmos imaginar como são as crianças marginalizadas no século XXI. Só que Jorge Amado é fiel ao mostrar a realidade do Brasil mesmo com uma diferença de quase 100 anos entre o hoje e o ano da obra.

“- Ele disse que eu era um tolo e não sabia o que era brincar. Eu respondi que tinha uma bicicleta e muito brinquedo. Ele riu e disse que tinha rua e o cais. Fiquei gostando dele, parece um desses meninos de cinema que fogem de casa para passar aventuras.”

Quando lemos este livro entendemos a real importância e o por quê é necessário manter vívido uma obra como esta. Mesmo sendo extremamente importante e de reconhecer sua relevância para o nosso mundo, a história em si não me chama muito a atenção. Não sinto grande empolgação em querer acompanhar a história dos meninos até por que o autor abre a narrativa a partir da necessidade de explorar cada personagem. A história não foi criada para gerar um suspense ou pelo menos não aparenta ser. Mas ela foi criada para mostrar uma realidade que dependendo de quem a vê torna-se algo chocante.

O livro possui cenas bem explícitas. Além disso, por um lado bom, é marcado por uma narrativa boa de se acompanhar, isenta de grandes detalhes e mais focada em descrever o momento de cada capítulo. De fato Jorge Amado possui uma grande habilidade em usar as palavras. Mas sinto que ele poderia ter sido mais sentimental como Victor Hugo e Machado de Assis são ao tecerem criticas sociais importantes para a reflexão.

“Neste tempo a porta caíra para um lado e um do grupo, certo dia em que passeava na extensão dos seus domínios (porque toda a zona do areal do cais, como aliás toda a cidade da Bahia, pertence aos Capitães da Areia), entrou no trapiche.”

Depois de ter lido a obra, me senti satisfeito em poder ter conhecido a grande crítica que se faz por trás deste livro. Mas não senti que foi um livro que mexeu muito comigo como acontece com os livros de Victor Hugo e Machado de Assis. Porém, não foi uma história que me desmotivou a continuar. Ao contrário: eu tive vontade de chegar até o fim para saber as consequências da marginalização de crianças inocentes.

CAPITÃES DA AREIA

Autor: Jorge Amado

Editora: Companhia de Bolso

Ano de publicação: 2008

Desde o seu lançamento, em 1937, Capitães da Areia causou escândalo: inúmeros exemplares do livro foram queimados em praça pública, por determinação do Estado Novo. Ao longo de sete décadas a narrativa não perdeu viço nem atualidade, pelo contrário: a vida urbana dos meninos pobres e infratores ganhou contornos trágicos e urgentes. Várias gerações de brasileiros sofreram o impacto e a sedução desses meninos que moram num trapiche abandonado no areal do cais de Salvador, vivendo à margem das convenções sociais. Verdadeiro romance de formação, o livro nos torna íntimos de suas pequenas criaturas, cada uma delas com suas carências e suas ambições: do líder Pedro Bala ao religioso Pirulito, do ressentido e cruel Sem-Pernas ao aprendiz de cafetão Gato, do sensato Professor ao rústico sertanejo Volta Seca. Com a força envolvente da sua prosa, Jorge Amado nos aproxima desses garotos e nos contagia com seu intenso desejo de liberdade.

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