Lançado em novembro de 2019, Call Down the Hawk é o primeiro livro da “The Dreamer Trilogy”, escrita por Maggie Stiefavter e publicada pela editora Scholastic Press.

Sobre o Livro

Call Down the Hawk” acompanha a jornada dos irmãos Ronan, Declan e Matthew Lynch após o final de “A Saga dos Corvos” desvendando os segredos que rondam sua misteriosa família de sonhadores e aprofundando os medos, anseios e desejos que os três escondem uns dos outros e até de si mesmo. Ronan Lynch, um dos protagonistas dos livros de “Garotos Corvos”, agora precisa lidar com a distância que o separa de seu namorado, Adam Parrish, mais novo estudante da universidade de Harvard e cuja vida em meio aos estudos da cidade não comportam integralmente a dinâmica dos sonhos a qual Ronan se vê preso enquanto passa seus dias na Barns.

Ronan é um sonhador e precisa de seus sonhos para viver, mas com o tempo seus poderes parecem estar saindo de seu domínio e Ronan precisa controlá-los para conseguir seguir Adam aonde ele for. Sem querer preocupar o namorado, Ronan inicialmente esconde sua aparente falta de controle de seus poderes, mas tudo pode sair errado quando uma voz estranha começa a falar em seus sonhos e dar-lhe dicas de que seu pai e seus irmãos talvez escondam mais coisas do que ele esperava.

Em paralelo a Ronan, Declan Lynch, o irmão mais velho da família está mais uma vez preocupando-se em manter sua família longe dos perigoso que viu se abaterem sobre seu pai e que o fizeram ser assassinado. Preocupado com Ronan, mas sem saber como chegar até ele após anos de conflitos entre os dois, Declan não quer mais depender de sonhos, principalmente quando eles desaparecem tão facilmente ao menor toque. Porém, sua jornada o leva cada vez mais para perto do mesmo destino que selou a vida de seu pai.

“You are made of dreams and this world is not for you”

Introduzida na narrativa como uma nova protagonista, Hennessy é apresentada como uma personagem caótica e perdida em pesadelos que a fazem criar versões de si mesma de dentro de seus sonhos. Cada cópia nova diminui um pouco mais seu tempo de vida, mas Hennessy não pode parar de sonhar ou também vai morrer e sua morte significaria o fim de todas as suas versões criadas. Tudo o que Hennessy quer é uma chance de salvar suas outras cópias de seu trágico destino.

Ao lado dela, Jordan, a primeira de suas versões sonhadas, é a que compreende melhor a tragédia de sua criadora, mas que nunca sentiu como era ser ela mesma, sempre dependente de Hennessy desde o começo da sua vida. Jordan quer salvar Hennessy e a si mesma, mas para isso vai precisar descobrir como se vive quando toda a sua existência foi atrelada a outra pessoa.

Perdidos dentro de seus próprios desejos e anseios, Ronan, Declan, Hennessy e Jordan vão ter seus caminhos cruzados quando perseguições estranhas começam a acontecer ao seu redor e tudo que eles mais queriam escapa de suas mãos enquanto o mundo dos sonhadores torna-se perigoso não apenas em suas mentes, mas também na vida real.

Afinal, de quem é a voz misteriosa que está falando na mente de Ronan? Como que Hennessy vai conseguir salvar suas cópias quando não consegue mais manter a si mesma? Que segredos o pai dos irmãos Lynch confiou a Declan e qual deles ainda estão escondidos, prontos para surpreender os irmãos em aspectos que eles sequer esperariam? E, principalmente, há espaço para sonhadores em um mundo real que, ao que tudo indica, parece teme-los e querer ver todos eles mortos?


Minha Opinião

Como uma admiradora nada imparcial de “A Saga dos Corvos”, “Call down the hawk” foi um dos livros mais aguardados por mim desde a época em que a Maggie Stiefvater expressou a vontade de escrever mais sobre o Ronan após o fim da saga original. Ela nunca escondeu que tinha um grande interesse no personagem, então quando o anúncio foi feito já era esperado entre os leitores que no livro encontraríamos um aprofundamento na magia dos sonhos ainda maior do que vimos nos quatro livros da saga principal.

Dona de uma escrita muito bem trabalhada e descritiva, a Maggie tem um talento muito grande para propor ambientações sutis de magia e aprofundar os sentimentos dos personagens por meio de metáforas que só contribuem para que seus protagonistas se tornem mais reais e naturais e é esse o melhor aspecto de “Call Down The Hawk”.

Aliando essa escrita subjetiva e uma construção de personagens muito bem estabelecida, Maggie Stiefvater conseguiu introduzir uma trama ainda mais interessante do que a de “A Saga dos Corvos”, principalmente com esse sistema de magia dos sonhadores que se expande dentro de um realismo mágico muito bem delineado. O mundo dos sonhos convive diretamente com as consequências reais que permeiam os personagens e até o enredo de perseguição aos sonhadores traz um fundo social bem interessante.

Vistos como potenciais perigos para a humanidade, os sonhadores estão correndo o risco de serem exterminados por uma associação que prevê catástrofes absurdas ocasionadas por eles e os aniquilam um a um por meio de seus agentes. Carmen, uma das pessoas que faz parte desse processo, é outra personagem a dividir a narrativa e em suas atividades percebemos o conflito ético que ela sente ao ter que combater essas pessoas e a todo momento sempre questionar se aquilo é realmente o que ela deveria fazer.

“But once he’d begun to explain the day to Adam, he couldn’t stop, not only because he needed to hear it said out loud, but because he needed to say it out loud to Adam.”

E claro, é nos personagens que Stiefvater tem seu melhor desempenho, Ronan, já conhecido dos leitores, torna-se ainda mais próximo ao apresentar seus dilemas pessoais sobre relacionamento, família e medo. A construção do namoro dele com Adam já tinha sido um dos melhores pontos dos livros da saga original e aqui torna-se ainda mais natural e cativante de acompanhar, principalmente pela desenvoltura com que a autora mostra as interações entre eles sem nunca apelar para recursos clichês como provocar brigas ou potenciais términos que alimentariam o drama dos dois.

Não é assim que a Maggie constrói ambos e vemos um relacionamento saudável, mais maduro e que ainda passa por problemas como tantos relacionamentos reais e é nesse ponto que eles se tornam ainda mais fascinantes pro público. Adam ainda não aparece como um protagonista, estando presente muito mais pelos pensamentos e pelo amor de Ronan, mas seu apoio é inegável e por se tratar de um livro que fala sobre os irmãos Lynch, é justificável que Adam não apareça tanto assim, porém ele ainda está ali como uma pessoa importante para Ronan e alguém por quem ele precisa continuar lutando se quiser mantê-lo a salvo dos perigos que estão ameaçando sua família agora.

Um ponto surpreende dessa construção narrativa foi Declan, personagem cuja as controversas aparições nos livros da saga dos corvos não davam a ele uma perspectiva simpática para os leitores, mas sua apresentação, agora como um dos protagonistas, revelou um personagem muito mais interessante do que o visto rapidamente antes.

Declan não tem exatamente os mesmos poderes de Ronan, sendo meramente comum, mas sua responsabilidade como irmão mais velho fez do seu personagem algo mais próximo dos leitores, já que é seu cansaço de manter todos a salvo, seu desejo de também querer ser especial versus a inveja que sente de Ronan e também o medo por ele um dia se machucar como seu pai se machucou, fazem de Declan um protagonista complexo, repleto de camadas e cuja a jornada só tende a ser ainda mais interessante com o desenrolar da história.

Diferente de Ronan e Declan, Hennessy e Jordan são apresentadas pela primeira vez em “Call Down the Hawk” e a chegada de ambas não poderia ter sido mais satisfatória e especial. Construídas em meio a um enredo curioso e digno de fantasias – Hennessy sonhas cópias de si mesma que a matam toda vez que um novo pesadelo nasce é um elemento que renderia um livro inteiro por si só – as duas tem dilemas individuais ainda mais bem descritos, com Hennessy sempre vivendo no limite da culpa e da impulsividade, tentando manter todas as suas versões vivas, mas sofrendo as consequências de seus sonhos descontrolados ao mesmo tempo.

Já Jordan, traz a perspectiva e a reflexão sobre o que significa ser alguém quando sua vida foi criada em molde de outro, afinal quanto dela é realmente “ela” quando Hennessey seria a sua versão original? É elas duas que trazem o fio condutor que conecta o mundo dos sonhos e o perigo dos perseguidores para cruzar com a jornada de Ronan e Declan, rendendo uma relação curiosa entre esses personagens e que só confirma o talento inegável que a Maggie possui de compor relações de amizade – ou não – entre personagens tão diversos.

“While Hennessy imagined flinging herself from a roof and falling. Jordan imagined flinging herself from a roof and flying.”

De bônus, “Call Down the Hawk” alia seus brilhantes personagens e sua trama misteriosa e muito bem estruturada com um final que é de deixar a espera pelo próximo livro se tornar ainda mais angustiante, proporcionando um sentimento de curiosidade, tensão e expectativa de que há muito mais mistérios e perigos para o destino dos sonhadores do que já pudemos encontrar aqui. Sendo um ótimo livro de introdução a uma história distinta, a obra possui personagens diversos em sexualidade e em etnia, discute questões de tolerância e conflitos étnicos em torno de supostas “ameaças a humanidade” e traz em sua fantasia de sonhos um elemento de realismo mágico encantador e que proporciona uma ambientação única e viciante para qualquer leitor.

Se você gostou de “A Saga dos Corvos” ou se gosta de fantasias com foco em seus personagens e cenários que parecem retirados de contos de fadas, “Call Down the Hawk” é uma leitura que vai te agraciar com muitos momentos incríveis de leitura e personagens que irão te cativar profundamente e dos quais é impossível se esquecer.

Call Down the Hawk foi publicado no Brasil pela Verus Editora, sob o título “O Chamado do Falcão”.

CALL DOWN THE HAWK

Autor: Maggie Stiefvater

Editora: Scholastic Press

Ano de publicação: 2019

The dreamers walk among us . . . and so do the dreamed. Those who dream cannot stop dreaming – they can only try to control it. Those who are dreamed cannot have their own lives – they will sleep forever if their dreamers die. And then there are those who are drawn to the dreamers. To use them. To trap them. To kill them before their dreams destroy us all. Ronan Lynch is a dreamer. He can pull both curiosities and catastrophes out of his dreams and into his compromised reality. Jordan Hennessy is a thief. The closer she comes to the dream object she is after, the more inextricably she becomes tied to it. Carmen Farooq-Lane is a hunter. Her brother was a dreamer . . . and a killer. She has seen what dreaming can do to a person. And she has seen the damage that dreamers can do. But that is nothing compared to the destruction that is about to be unleashed. . . .

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