Idol: the coup é um drama sul-coreano lançado entre novembro e dezembro de 2021, produzido pelas empresas iQiyj e jTBC, com direção de Noh Jong Chan e roteiro de Jung Yoon Jung. No elenco, estrelam as idols Ahn Hee Yeon, Exy, Sol Bin, Green e a atriz Han So Eun no papel das integrantes do grupo fictício “Cotton Candy”, ainda marcam presença no elenco o idol Kim Min Kyun e o ator Kwak Shi Yang.

Acompanhando a trama do fracassado grupo idol “Cotton Candy”, Idol: The Coup apresenta a história das cinco integrantes que vão tentar se unir uma última vez em nome do sonho que todas elas viram morrer diante da realidade cruel, desigual e injusta da indústria. Em meio a músicas roubadas, mentiras espalhadas na mídia, o desdém daqueles que não acreditavam no sucesso das meninas e a consciência do enorme tempo perdido sem investimento, com poucos recursos e recebendo portas na cara o tempo inteiro, o drama dá voz para cada uma das meninas do grupo e apresenta individual e coletivamente suas histórias, destacando logo de começo a sua líder: Kim Jenna

Jovem, espirituosa e uma exímia compositora, Jenna foi a primeira participante do Cotton Candy a se juntar ao produtor e agente que também estavam tentando lançar seu primeiro grupo idol. Em nome de um sonho, Jenna fez o possível para juntar as meninas do grupo e mesmo depois do fracasso, não hesita em tentar de tudo para que o Cotton Candy seja lembrado, mesmo que para isso ela enfrente sucessivas humilhações de pessoas que desacreditam de seu talento e do talento das meninas. Ao lado de Jenna, Stella é outra parte da equipe e aquela que mais entende e apoia Jenna e sua insistência em nunca desistir da equipe. Aspirante a atriz, Stella precisa que o grupo siga unido se não perderá tudo que possui. 

Em uma situação similar, mas com uma personalidade muito mais incisiva e teimosa, Hyun Ji é a dançarina principal do grupo e por ter uma origem humilde, precisava da oportunidade de virar uma idol famosa para dar uma vida melhor para a avó. O fracasso desse sonho torna Hyun Ji uma jovem agressiva, o que muitas vezes faz com que ela magoe Jenna, o que a deixa imersa em arrependimentos por sua impulsividade. Diferente da origem das meninas, Chae Ah é filha de uma família relativamente famosa na mídia que se sente deslocada por não ter o mesmo sucesso, mas que ainda ama muito o grupo e não sabe o que fazer diante da perspectiva do fim oficial da equipe. ,

Por último, há ainda a vocalista Elle, jovem aspirante a cantora desde antes de conhecer as demais garotas e que acumula um fracasso anterior em um grupo do qual já foi parte no passado. Talentosa e ambiciosa, Elle luta bastante por si mesma, o que pode colocá-la em situações perigosas e passar a impressão de que ela não se importa com as parceiras de grupo, o que não é de fato verdade. 

É com esse grupo desmantelado e em meio a sonhos não realizados que Jenna tem uma última chance de reunir novamente o Cotton Candy em busca de um único e último sucesso que alcance o número 1 das paradas. Mas para conseguir esse feito, Jenna vai precisar de toda a sua habilidade, empatia e resiliência como líder para unir as partes quebradas dos sonhos de cada uma das meninas uma última vez. Será que as mágoas, perdas e humilhações enfrentadas por elas ao longo dos anos de fracasso e esquecimento vão ser a barreira definitiva para o fim do grupo e da amizade? Ou o amor por um sonho e o carinho umas pelas outras vai ser suficiente para unir o Cotton Candy uma última vez? 


Fechando com chave de ouro a dose emocional de dramas sul-coreanos exibidos em 2021, “Idol: The Coup” foi uma deliciosa surpresa do final do ano, apresentando em sua trama curta, de apenas 12 episódios, um roteiro realista e atuações impecáveis de um grupo de atrizes sensacionais e cujas personagens são impossíveis de esquecer. Quando terminei de assistir, brinquei que se o “Cotton Candy” fosse um grupo real, eu seria fã número um, mas não é por menos: com um roteiro verossímil, bem estruturado e muito bem aprofundado nos dramas pessoais de cada integrante do grupo, “Idol: the coup” não hesita em mostrar o lado B da indústria do entretenimento ao destacar que existem muitos sonhos desfeitos em meio a um cenário desigual, instável e difícil. 

O trunfo do drama é com certeza suas personagens: Jenna, interpretada de forma brilhante por Ahn Hee Yeon, é uma protagonista apaixonante, inspiradora e surpreendentemente humana. Líder do grupo, é seu papel entender as outras meninas e administrar suas qualidades e falhas em favor do coletivo, mas Jenna sempre sentiu muita culpa por não ter conseguido levar as meninas ao sucesso como elas tanto sonhavam.

Mesmo consciente de que o fracasso do Cotton Candy não foi sua causado por ela, ela ainda tenta com todas as forças e aguenta todas as humilhações possíveis apenas para conseguir que elas permaneçam unidas. Disposta a tudo por uma única chance de provar o talento das parceiras com quem ela cresceu e com quem ela chorou junto, Jenna é uma personagem real até demais e sua força, resiliência e amor pela composição e pelas amigas é admirável.

Em sua personagem temos uma trajetória temática muito clara do quanto é difícil se estabelecer na indústria tendo tão poucos recursos e tão pouco poder. Com músicas roubadas, mentiras inventadas em torno dela e das meninas e o apoio emocional vindo apenas do ex-agente da banda, Jenna é o pilar central em quem as meninas se apoiam e quando a personagem quebra, todas sofrem com ela. É triste ver sucessivas quedas de uma personagem tão talentosa e tão genuinamente boa, ninguém mereceria o sucesso mais do que ela e do grupo pelo qual ela lutou tanto, mas é essa a grande mensagem de Idol: The Coup: não basta apenas querer e ter talento. A indústria não é justa. 

Contudo, se Jenna não desiste do Cotton Candy é pura e simplesmente por conta das meninas que o integram: Stella é a personagem que mais apoia e entende Jenna e sua luta, sempre compreensiva e tentando ao máximo fazer com que as outras escutem Jenna também, Stella é aspirante a atriz e tem com o Cotton Candy um dos poucos laços familiares que a mantém com disposição para seguir. Dentro da trama de Stella uma problemática recorrente e tratada de forma muito sensível é abordada no quesito da saúde mental e há ainda uma trama sobre assédio e perseguição envolvendo o passado da personagem que também traz uma tensão muito forte para o drama.

Na outra ponta dessa trajetória temos duas das integrantes inicialmente mais difíceis de lidar e justamente por isso tão bem construídas e desconstruídas com o passar dos episódios: Hyun Ji e Elle. Ambas de origem conturbada, Hyun Ji é uma das integrantes mais novas e devido ao seu passado pobre numa vila pouco próspera, é um abalo muito grande para a menina perceber que nem tudo aconteceu como nos seus sonhos. Explosiva, impulsiva e teimosa, Hyun Ji as vezes magoa Jenna por parecer culpá-la pelo fracasso do grupo, mas no fundo e aos poucos percebemos o quanto suas palavras não são sempre carregadas de tanto ácido quanto parecem e tudo que Hyun Ji quer é proteger o Cotton Candy de todos que diminuem o talento e a integridade de seus membros. 

Já com Elle, o assunto fica ainda mais pesado quando a ambição de Elle as vezes faz parecer que ela não se importa com a banda. Há um embate entre ela e Jenna e Elle é a integrante que menos tem interesse em tentar mais uma vez unir o grupo em busca de um sucesso final. Elle tem uma origem familiar conturbada, com um histórico de agressões na família e seu sonho de ser uma cantora é principalmente movido em torno de deixar esse passado para trás de uma vez por todas.

É entre conflitos, alfinetadas e muita conversa que Elle e as demais meninas conseguem se entender e esses momentos rendem cenas emocionais muito bem escritas. Por fim, fechando o ciclo do grupo, Chae Ah é a integrante do grupo que sempre foi muito insegura e sua personalidade tímida a faz parecer distante de começo, mas é seu apoio e amor pela amizade construída com as demais que tornam sua personagem essencial para fechar esse núcleo da trama. 

É com cinco personagens tão diferentes e tão especiais que “Idol: the coup” fundamenta sua história realista sobre uma indústria tão desigual. O Cotton Candy não começou com tudo disponível para o debut e de começo as meninas treinavam em um galpão mal reformado, com apenas um sonho em mente. É em meio a esse contexto que os demais personagens entram em cena de modo excepcional, a começar pelo ex-agente do grupo, Jin Doo Ho, interpretado por Kang Jae Joon. Também de origem humilde, Doo Ho é inicialmente um dos únicos a ainda acreditar no talento das meninas e a fazer de tudo, até mesmo deixar de comer, para juntar dinheiro numa tentativa de ajudá-las.

Sua lealdade incondicional rende algum dos momentos mais emocionais do drama e o amor das meninas por ele é motivador para muita das tentativas que elas fazem de defender o grupo no decorrer da história. Há ainda a presença de Seo Ji Han, idol de um outro grupo da empresa que fez muito sucesso e que é uma das pessoas a apoiar Jenna em sua empreitada como compositora. Ao seu lado, o CEO Cha Jae Hyuk integra um núcleo inicialmente antagônico que exige das meninas muito jogo de cintura para lutar em nome da banda. 

Apesar de não ser focado em romance, há algumas insinuações de relacionamentos, porém todo o foco do drama está na trama das garotas do Cotton Candy e no debate sobre esse meio artístico. Um trunfo muito especial da história é justamente a trilha sonora e a metalinguagem que essa trilha possui com a narrativa. Apesar de fictício, o Cotton Candy ganhou uma página no Spotify com todas as músicas tocadas na história e a trilha tem diferentes músicas individuais cantadas por idols do elenco.

Destaque para a faixa “Finale” e “White Day”, ambas do grupo fictício das protagonistas. De um modo geral, “Idol: the coup” é um drama emocionante, triste e inspirador nas medidas certas, com atuações brilhantes de um elenco muito jovem de atrizes e idols e que é a recomendação perfeita para quem tem curiosidade de entender um pouco mais da indústria ou quer apenas apreciar uma história sobre sonhos, fracassos e segundas chances. 

IDOL: THE COUP

Diretor: Noh Jong Chan

Elenco: Ahn Hee Yeon, Exy, Sol Bin, Green, Han So Eun

Ano de lançamento: 2021

Conta a história de idols falidos que precisam de apenas um “sucesso” para se separarem.

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