Livro de terror que se passa durante a guerra do Paraguai, foi escrito pelo brasileiro M. R. Terci e publicado pela Pandorga em 2018.

Sobre o Livro

À serviço do rei D. Pedro II no final de uma guerra avassaladora, um grupo de soldados chamados de imperiais acabam enfrentando inimigos misteriosos.

Capacitados a confrontarem os paraguaios em uma guerra que devastou os países e deixando quinhentos mil brasileiros mortos; inimigos peculiares aparecem numa pequena região de São Paulo, mais especificamente em uma vila cujo o nome é Nossa Senhora do Belém de Tebraria.

“Estávamos nervosos, mas dificilmente, após tantas andanças entre o caminho da pólvora e do sangue, da morte e do pós-morte, poderíamos chamar esse sentimento de medo. Imperiais não tem permissão para sentir medo.”

Aos poucos os imperiais comandados pelo capitão chamado de Papá e liderados pelo Gran Abuelo (Grande Avô) irão conhecendo seus novos inimigos que aos poucos descobrem serem grandes monstros.

E com isso M. R. Terci dá vida a história de um momento caótico para o Império do Brasil com a fraqueza do monarca, uma guerra sanguinária e um grupo de soldados aterrorizados por monstros misteriosos.

Minha Opinião

A premissa da história é muito interessante. Entramos a fundo no Brasil enquanto império sobre a governança de Dom Pedro II. Terci aponta questões políticas envolta dos últimos anos do monarca e da monarquia antes de sofrer o golpe republicano. Ele apresenta estes detalhes muito bem.

A sua narrativa também é muito interessante. O autor optou por utilizar palavras antigas e coloquiais nas falas dos personagens mas também mantendo alguma essência contemporânea. Os personagens xingam e conseguem ser rudes uns com os outros. As vezes enquanto li este livro parecia que eu estava lendo um clássico nacional como os de Machado de Assis e José de Alencar.

“Por alguma questão tola de respeito, que se situava acima da hierarquia, chamava-me a longa data de Papá, o que significa pai em espanhol, enquanto o próprio Osório, nos tempos da Campanha das Cordilheiras, era chamado de Gran Abuelo, compreendido como vovozão em português.”

Por se tratar de terror, a história se volta para uma pegada mais sobrenatural. O gênero terror nunca foi meu forte. Na verdade eu nunca gostei. E foi por isso que não senti nada de especial nos acontecimentos desta história. Também não me interessou os personagens que protagonizam a história pois vi que o livro se focou mais nos acontecimentos e não no desenvolvimento dos personagens em si.

O que me interessou aqui foi a ambientação que Terci constrói. Ele utiliza o ar de guerra (a da guerra sanguinária que foi a do Paraguai) para construir um lugar de abandono, frio e sinistro. A história é narrada em primeira pessoa pelo próprio Papá (o capitão) que comunica com o leitor como em um diário relatando combates.

O livro é todo ilustrado para acompanhar com as cenas de cada novo capítulo. Apesar de eu não ter me surpreendido com a história, acredito que aqueles que curtem um terror a nível Edgar Allan Poe ou até os contos encontrados na edição da Darkside Medo Imortal, certamente curtirão uma história diferente em um cenário diferente e também em um momento da história brasileira diferente. Este livro é o primeiro das Crônicas de Pólvora e Sangue, prometendo no final do livro uma continuação.

“A morte é o lugar-comum – inferno ou paraíso -, a casa de todo soldado. Não há o que prantear. Imperiais tributam sangue em memória de seus mortos. Nunca lágrimas!”

E aí? O que achou? Nunca recuso me aventurar em obras nacionais como estas que prometem nos trazer para o passado de nosso país que é pouco explorado pelos filmes quanto mais pelos livros. Sem dúvida foi uma boa experiência voltar para final do século XIX e ficar por dentro dos últimos momentos da monarquia brasileira.

IMPERIAIS DE GRAN ABUELO

Autor: M. R. Terci

Editora: Pandorga

Ano de publicação: 2018

Em janeiro de 1880, um grupo de soldados imperiais adentrou pelos pântanos que ladeavam a Vila de Nossa Senhora do Belém de Tebraria, antiga sesmaria de Amador Bueno da Veiga, na Província de São Paulo. Conduziam, por ermos e sendas de custosa passagem, um caixão coberto com a bandeira do Império. A missão legada a seus sabres: dar cumprimento à derradeira ordem de seu Comandante-em-Chefe, Marquês Manuel Luís Osório, o Legendário. Estes imperiais, afamados pela eficiência em combate são os mais temíveis e sanguinários soldados do tal Vale da Sombra da Morte. Festejados por seus feitos e solenizados por suas incontáveis vitórias nas Campanhas das Cordilheiras Paraguaias, em breve, os memoráveis soldados a serviço do Império de Dom Pedro II, encontrarão terríveis e inimagináveis inimigos com muito mais do que podem dar conta. Mais do que uma excelente história de horror penejada por um mestre da narrativa, Imperiais de Gran Abuelo é um livro que se arrisca pelo passado mais negro do país, um relato preciso e visceral da Guerra do Paraguai, onde o leitor estabelece um acordo tácito com o livro ao suspender a descrença, aceitar o faz-de-conta e vestir a farda imperial para viver ao menos mais um dia numa crônica de pólvora e sangue.

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