Sabe aqueles filmes que você fica se contorcendo todo, pensando “vai dar tudo errado, vai morrer todo mundo, sai daí”, sem conseguir tirar o olho da tela, só esperando o momento em que vai tudo desandar? Bom, se essa é a sua vibe, O Enfermeiro da Noite (2022) é perfeito para você.

O longa da Netflix é dirigido por Tobias Lindholm, com roteiro de Krysty Wilson-Cairns (1917) e cinematografia por Jody Lee Lipes. A trama é inspirada no livro O enfermeiro da noite: Uma história real de medicina, loucura e assassinato, por Charles Graeber, que por sua vez, toma como base acontecimentos reais.

No filme acompanhamos Amy (Jessica Chastain), uma enfermeira sobrecarregada de trabalho, mãe solteira de duas filhas, que descobre uma condição cardíaca grave. A história mesmo começa quando ela conhece Charles Cullen (Eddie Redmayne), um colega enfermeiro que parece ser o amigo que faltava em sua vida. Tudo corre bem até que pacientes começam a morrer de forma suspeita no setor em que trabalham, e uma investigação revela o passado sombrio e duvidoso de Charles.

O Enfermeiro da Noite é absolutamente envolvente e tenso do início ao fim. Não vou nem comentar sobre o fato de que essa é uma história parcialmente real, o que é perturbador ao nível do absurdo, mas a construção narrativa do longa é impecável. O roteiro é lento na medida certa, dando bastante espaço para estabelecer a vida de Amy e sua relação com Cullen de forma natural. Só no segundo ato vamos começar a ver traços do aspecto criminal da história e daí para frente tudo só se intensifica.

A fotografia e a edição de imagem lançando um cinza sobre tudo, além dos ângulos mais fechados, são a chave de outro na construção dessa história tão carregada emocionalmente. Afinal, essa é uma história assustadora na qual tudo o que o espectador faz é temer por Amy, por um motivo ou por outro.

E isso se deve em grande parte à atuação espetacular de Chastain e Redmayne, que sem sombra de dúvida carrega a narrativa. Chastain transmite uma vulnerabilidade que complementa de forma perfeita a determinação de sua personagem em proteger a família e fazer o certo. Já Redmayne traz a excentricidade especial que ele consegue colocar em todos os seus personagens, que flutua entre inspirar carinho e ser aterrorizante, a combinação ideal para o papel.

A forma como tudo se desdobra é impressionante. Os investigadores Braun (Noah Emmerich) e Baldwin (Nnamdi Asomugha) guiam a narrativa paralela, enquanto Amy segue no escuro em relação à potencial ameaça, e o longa trabalha essa dualidade de forma excelente. Até que tudo se encontra, em um final chocante. E qual a minha surpresa em um filme de estilo thriller que a mensagem vá muito além do “não confie em ninguém”: vemos aqui uma reflexão sobre a que ponto de negligência as instituições estão dispostas a ir para proteger seus interesses.

O Enfermeiro da Noite é surpreendente e um tanto quanto desesperador, perfeito para quem busca algo eletrizante mas sem sequências de ação. Não posso deixar de recomendar particularmente para quem gostou de Mare of Easttwon (2021) e para quem tem interesse em true crime.

O ENFERMEIRO DA NOITE

Diretor: Tobias Lindholm

Elenco: Jessica Chastain, Eddie Redmayne, Noah Emmerich, Nnamdi Asomugha

Ano de lançamento: 2022

Uma mulher faz amizade com um novo colega no trabalho, um enfermeiro gentil e agradável. Mas ela logo descobre que a tragédia segue o homem por onde quer que ele vá. Seus pacientes morrem de forma suspeita e a polícia abre uma investigação.

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