Encontrar filmes de ação que não sejam de super-heróis ou que não tenham como protagonista um militar/veterano de guerra não é uma tarefa lá muito fácil. E mesmo quando a sinopse parte de algo diferente disso, algo que se popularizou junto com esse estilo de filme e simplesmente tomou todo o gênero ação/aventura são as explosões.

Que fique claro que isso não é uma crítica a todos esses filmes. Explosões com contexto dão uma dramaticidade, e em alguns subgêneros, é simplesmente o que se espera que seja feito. A questão é, que com a popularização dos efeitos visuais, as explosões acabaram por virar algo banal que acaba por vezes apenas tornando histórias que poderiam ser divertidas e absurdas em algo completamente inverossímil que até perde a graça (alô A Cidade Perdida e Mistério em Paris).

Por tudo isso, aqui vão algumas indicações de filmes cheios de sequências de ação eletrizantes, mas que entregam boas histórias sem recorrerem a grandes efeitos explosivos.

O PREÇO DO AMANHÃ (2011)

Tempo é dinheiro. Literalmente. No longa escrito e dirigido por Andrew Niccol, Justin Timberlake vive Will Salas, um jovem que vive um dia de cada vez em um mundo em que tempo de vida é a moeda de troca. Will acumula frustrações com as injustiças que vive e que o cercam, até que presencia o suicídio de um homem rico, que lhe dá seus muitos anos. Acusado de assassinato, ele acaba se juntando inesperadamente à Sylvia Weis (Amanda Seyfried), filha de um magnata e, juntos, tentam derrubar todo o sistema.

O Preço do Amanhã é um filme em que cada segundo conta (em todos os sentidos). O aspecto da ficção científica e a crítica social envolvida são fascinantes de se ponderar sobre, e o roteiro é simplesmente frenético — a combinação perfeita para o tipo de filme que se vê diversas vezes, encontrando coisas novas a cada play. Apesar da atuação não ser das 10 mais, e o desenvolvimento dos personagens ser rápido demais para ser aprofundado, o diálogo consegue trazer muitas camadas pra essa história, desde frases que ficam reverberando, passando pela comédia, até a sátira irônica. Quem estiver em busca de um filme que te prenda completamente tanto pela velocidade da trama, quanto pelo enredo, essa é uma escolha de tirar o fôlego.

A MULHER REI (2022)

Aqui o espectador é levado ao reino de Dahomey, uma das grandes potências da África Ocidental, cuja grande força de defesa são as Agojie, um exército composto apenas por mulheres altamente treinado e letal. A trama assinada por Dana Stevens e dirigida por Gina Prince-Bythewood acompanha duas narrativas principais que se entrelaçam: Nawi (Thuso Mbedu), uma jovem que é entregue pelo pai às Agojie por se recusar a casar e Nanisca (Viola Davis), a comandante do exército que enfrenta a delicada situação política de Dahomey frente à povos vizinhos e à presença portuguesa.

A Mulher Rei foi muito aclamado pelo protagonismo de mulheres pretas, e sinceramente merece elogios por tudo o mais também. O embate de personalidades entre Nawi e Nafisa, uma idealista e imprudente em sua juventude, a outra quase desiludida em sua experiência, e a relação que se constrói é lindo de assistir, bem como a todas as amizades que se desenvolvem. O roteiro equilibra intimismo com política com cenas de muita violência, tornando a ação de batalha em uma experiência completa.

Eu facilmente dispensaria o romance que, apesar de atuar como um contraponto intencional à narrativa principal, trazendo a visão de que o amor romântico não impõem abrir mão do feminismo e da sororidade, não achei bem desenvolvido e tenho muitas ressalvas em relação ao personagem de Malik (Jordan Bolger), o par romântico. De resto, é um longa imperdível para os amantes de batalhas épicas com contexto histórico, com cenas de treinamento, trazendo, ainda, luz à história africana e personagens realistas e complexas.

GIGANTES DE AÇO (2011)

A última dica também traz um toque de ficção científica e com certeza é a mais leve das histórias. Em um futuro não tão distante, os humanos foram substituídos por robôs… no boxe. Charlie (Hugh Jackman) é um ex-lutador que tenta, frustrado, sobreviver nesse novo mundo de lutas, até que sua antiga esposa falece e seu filho de 11 anos, Max (Dakota Goyo), acaba sob sua guarda. O menino, encantado pelo antigo boxe, vira a vida dos dois de ponta cabeça ao encontrar um pequeno robô de treino que acaba se revelando uma enorme surpresa até para os maiores campeões.

Uma combinação perfeita entre luta de robôs e clichês de aquecer o coração, Gigantes de Aço tem direção de Shawn Levy e roteiro de John Gatins. Não tem como assistir esse filme e não se tornar fã do simpático robozinho Atom, se encantar com Max e torcer para que Charlie se reencontre. A atuação é profundamente cativante e compensa a trama inocente e nada revolucionária. Ainda assim, as sequências de ação são de se encolher a cada soco. Esse é o exemplo de história que poderia ter se perdido em algo de grandes proporções, mas se contém em um filme intimista, divertido e bem feito.

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