No Mundo da Luna é uma série brasileira de comédia romântica criada por Ana Luíza Savassi e Paula Knudsen. Foi produzida pela Moonshot Pictures e lançada em 2022 pela HBO Max. É inspirada no livro de mesmo nome, No Mundo da Luna, da escritora Carina Rissi.

Acompanhamos a história de Luna, uma recém-formada em jornalismo que busca trabalhar na sua área. Durante a entrevista de emprego para o portal de notícias Jornaw, ela descobre que a vaga que a chefe Clarice está oferecendo a ela é para escrever na coluna de horóscopo por causa de sua origem, ela vem de uma família cigana. Mesmo não sendo muito ligada ou próxima a essa cultura, ela aceita o trabalho.

Luna fica sabendo através de seu irmão Raul que sua avó Cecília possui um baralho de cartas especial, com muitos séculos de história, então resolve usá-lo para bolar os textos dos signos do horóscopo. O que ela não esperava é que as cartas começariam a literalmente falar com ela, fazendo previsões sobre ela e outras pessoas. Ao ficar sabendo pelas cartas que seu grande amor estaria próximo na mesma sala, ela avista dois rapazes do trabalho, Dante e Vini, ambos com quem está começando a se envolver sem compromisso, o que vai deixá-la em dúvida sobre qual deles poderia ser.

Lidar com essa dúvida é o menor dos seus problemas, uma vez que ela desconhece a magia poderosa dessas cartas e que preocupa sua avó. Sem contar os problemas pessoais que preocupam suas duas melhores amigas: Sabrina é uma artista plástica que está com dificuldade de viver da sua arte, em plena era dos NFTs, e Bia é uma gamer profissional que trabalha em uma equipe só de homens.

Eu assisti essa série logo após ter feito uma releitura do livro No Mundo da Luna, em que ela se baseou, pois adoro adaptações literárias, de reparar nas coisas que foram mudadas e nas que permaneceram as mesmas. Estava pronta para assistir de mente aberta, disposta a aceitar todas as alterações que com certeza teriam, afinal adaptações são assim, mas nada me preparou para a história totalmente nova e principalmente desconhecida que assisti.

Me pareceu que a série foi, no máximo, inspirada no livro da Carina Rissi, utilizando apenas os nomes dos personagens e o contexto geral, sem se aprofundar em detalhes. Muitos ali tiveram sua história mudada, sua personalidade, parentesco e profissão, na tentativa de criar algo totalmente novo e irreconhecível para quem leu o livro.

A fim de modernizar a história do livro (que é de 2015), eles trouxeram conceitos novos e atuais que têm sido muito discutidos em 2022, no ano de lançamento da série. Algumas mudanças foram sim um grande acerto, já outras foram um tanto quanto desnecessárias.

Talvez a principal mudança que chocou muita gente tenha sido o triângulo amoroso que foi inventado para a série e que não existe no livro. Toda a construção do romance entre Luna e Dante foi o que fez os fãs se apaixonarem pelo livro. Já na série, Luna fica dividida entre Dante e Vini, após se envolver com ambos. Isso é uma tentativa de modernizar a história, levando Luna a se abrir para vários relacionamentos, ao invés de se prender a apenas um, e colocar em pauta a questão do poliamor, que tem ganhado cada vez mais adeptos atualmente. É claro que desse jeito a relação dela com qualquer um deles ficou extremamente rasa, sem se aprofundar em nenhum relacionamento e convencer que ali existe qualquer romance

Há uma maior representatividade no elenco e nas histórias dos personagens e essa inclusão é mais do que bem-vinda, tanto que merecia demais ser mais bem trabalhado, de uma forma que fosse interessante. Tinha muito potencial com os arcos da Sabrina (preta e lésbica) e da Bia (mulher em meio a machistas). Infelizmente ficou apenas chato e cansativo, além de não serem histórias que se conectavam muito com a história principal da Luna.

Mas eu gostei bastante de terem feito essa representação de mulheres gamers no papel da Bia e o que elas sofrem só por causa de seu gênero, nesse meio que é dominando principalmente por homens. Quero mais histórias que abordem isso.

Visualmente a série está linda! Eu adorei todos os cenários que vão desde cenas da cidade de São Paulo (muitos locais as pessoas vão reconhecer), até cenas internas do portal de notícias e de todas as casas que aparecem (decoração toda colorida e divertida, sem ficar cafona). As roupas e penteados também representavam muito bem a personalidade de cada personagem. Eu só senti falta na série da Luna também ter o cabelo cacheado e volumoso como o resto da sua família, era uma característica física dela muito marcante.

Também achei que foi um acerto a escolha de representarem visualmente várias coisas que antes só ficavam no papel e eram descritas no livro, afinal era necessário para esse tipo de mídia que é a série.

As cartas se mexendo e literalmente falando com a Luna, ao invés de serem simples papéis que a Luna embaralha e tenta interpretar. O contato dos leitores da coluna de horóscopo com a Luna sendo feito através de comentários nas redes sociais e isso aparecendo na tela ficou mais moderno e visual, ao invés dela apenas ler e-mails. Até mesmo os sentimentos e desejos dos personagens ganharam uma representação visual utilizando comida na brasa – o Dante com carne porque ele é carnívoro e o Vini com vegetais porque ele é vegetariano, – bem como o fogo ardendo ou se extinguindo. Tudo isso são acréscimos que gostei.

A série No Mundo da Luna é uma comédia romântica que foi feita para ser leve, despretensiosa, divertida com as confusões que a Luna se mete. É interessante por abordar alguns temas muito atuais e ainda pouco retratados em produções televisivas. Se for apenas isso o que você busca, pode assistir sem medo, mas evite ficar comparando com o livro se tiver lido, pois vai sair decepcionado.

NO MUNDO DA LUNA

Diretor: Claudia Castro, Roberto d’Avila, Maria Farkas, Michael Ruman

Elenco: Marina Moschen, Leonardo Bittencourt, Enzo Romani, Bruna Inocencio, Priscila Lima, Maria Clara Gueiros, Rosi Campos

Ano de lançamento: 2022

Luna vem de uma família cigana e é uma jornalista recém-formada. Para se aproximar da profissão, acaba aceitando fazer o horóscopo para um portal de notícias usando cartas do baralho cigano. O que ela não imaginava é que as cartas herdadas de sua família – e com séculos de história – falariam com ela, literalmente. Luna terá que enfrentar os desafios do primeiro emprego, lutar para manter vivo seu sonho de virar jornalista e sofrer a tortura de se apaixonar por dois rapazes completamente diferentes, que trabalham com ela. Junto com Luna, acompanhamos suas amigas, Sabrina e Bia, também na crise dos 20: uma na tentativa de fazer arte na era das NFTs e a outra uma gamer em uma equipe só de homens. Juntas, elas vão desbravar os primeiros passos da vida adulta.

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