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Era sexta-feira à noite, tinha ido ao Shopping Iguatemi para ir ao cinema sozinha, hábito que adquiri após perder muitos filmes legais por falta de companhia ou compatibilidade de horários. Não é um dia que eu curto ir ao cinema. Muita gente.

Prefiro ir no sábado ou domingo nos primeiros horários da tarde, quando o shopping está quase vazio, o cinema é uma ilha deserta, e os risos e comentários durante o filme são mais sinceros. O problema desse hábito é que nem todo filme é disponibilizado nesses horários, fazendo com que eu me force a frequentar o cinema em horários não tão agradáveis.

Queria ver 300 – A Ascensão do Império, mas também queria ver outros em cartaz. Acho isso chato. Às vezes não há um filme interessante em cartaz, mas quando há, são quatro ou cinco simultaneamente.

Sai do trabalho, peguei o bus e fui pro shopping, cheguei em cima da hora, comprei pipoca e me aboserei na minha poltrona. O filme correu bem, vou fazer um post sobre em outra oportunidade, e terminou bem antes da expectativa. Como tinha tempo, fui ao mercado comprar algumas coisas que no que eu estou  habituada a comprar não tem. Me demorei um pouco lá, pois adoro supermercados grandes, é até meio louco, mas é algo que herdei do meu pai.

Já era quase umas 23h30 quando saí do shopping e fui, caminhando, para a parada de ônibus. No meio do caminho, porém, um rapaz muito bem “afeiçoado” me pára e pergunta como faz para pegar o transporte público em direção ao centro, já que estávamos na Zona Norte da Capital. Expliquei da melhor forma que pude, muito educada e prestativa, afinal, por ser uma moradora recente de Porto Alegre, sei muito bem o que é estar perdido, e sou muito grata a todos os que, na minha época, me deram informações válidas, com bom humor.

Quando ele pareceu satisfeito com as minhas informações, voltei a seguir o meu caminho, que por acaso, era o contrário do que tinha sugerido a ele seguir. Alguns passos depois ouvi ele chamar:  “moça, moça”. Me virei na direção dele, esperando saber qual era a dúvida que ele tinha ficado. Ele se aproximou e falou:

– Eu nem te agradeci por tu ter me ajudado. Infelizmente a única coisa que tenho e posso te oferecer é o meu baseado, tu aceita?

Ao longo da minha jornada, muitas coisas interessantes e loucas já me aconteceram e meus amigos se divertem com as histórias. Mas, naquela hora aquilo me pareceu tão normal que eu respondi normalmente que ele não me devia nada, recusei o cigarro, que só então notei presente na sua mão e segui o meu caminho. Tudo isso com um sorriso no rosto.

Então, já sentada no ônibus me pus a pensar sobre o acontecido.

Não tenho problemas com quem fuma maconha ou derivados. A sociedade porém, não é assim tão liberal ou tolerante. Provavelmente, se esse mesmo rapaz tivesse parado alguém mais velho, ou mais conservador, que tivesse notado o cigarro, teria o tratado de forma grosseira, e com pouco respeito. Quando esse pensamento me acertou, ainda no bus, fiquei feliz por ter sido eu.

Eu tenho restrições com cigarro, mas é por causa da minha Rinite/Sinusite (essas eu herdei da mãe), que ao mínimo cheiro, já começo a ficar congestionada, ou a espirrar, ou ambos. Então fiquei surpresa por não ter notado o cigarro.

Talvez seja culpa daqueles dois olhos verdes.

 

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