Uma verdade inegável sobre a grande maioria das pessoas é o quanto amamos animações. Dentre as minhas favoritas têm animações da Disney/Pixar, DreamWorks e agora mais recentemente da Netflix.  

Isso se deve muito ao fato do grande lançamento do final de 2020, A Caminho da Lua do diretor Glen Keane (Pequena Sereia, Aladdin, Tarzan) e John Kahrs (codiretor não-creditado), que tem uma história profunda, que conquistou a indicação ao Oscar (2021) de melhor animação.

 A animação não conquista a todos somente por conta do protagonismo feminismo (eu amei a Fei Fei), mas por possuir uma história excelente, músicas (que são maravilhosas), efeitos visuais extraordinários, como por conta do quanto ela consegue ir além. A história, assim como algumas outras, traz uma relação familiar profunda, resiliente frente as mudanças, luto, percas e sonhos.

A Caminho da Lua veio como uma história para nos emocionar. A história se inicia muito rapidamente nos apresentado os personagens Fei Fei (Cathy Ang), a protagonista, seus pais Ba Ba (John Cho) e Ma Ma (Ruthie An Miles), assim como o pano de fundo do filme, ou o caminho que imaginamos que a história vai seguir. Porém, o objetivo está muito além de acompanhar a adaptação de Fei Fei com a perca da mãe e a nova família, ou a grande aventura de ir até a lua, mas sim é de trabalhar com o luto, na realidade, o lidar com a morte, com a falta, com a saudade de alguém. Assim como manter as memórias desse alguém e ter coragem também de seguir em frente. 

Mais uma vez temos uma animação onde o público alvo não é somente o infantil, mas uma história com personagens diversificados, uma cultura completamente diferente e músicas maravilhosas que conduzem o público de todas as idades para uma absorção profunda. Essa é uma daquelas histórias que tocam a alma. Sai da ingenuidade da infância para a maturidade sobre encarar o luto e vencer desafios (mesmo que eles sejam você mesmo). 

Eu realmente me surpreendi demais com essa animação da Netflix. Eu já tinha visto outras como Klaus (de Sergio Pablos e Carlos Martínez López, em 2019) que também merece muito destaque, mas esse filme me ganhou com o quão bem foi trabalhada, toda a questão das cores, efeitos, fundos que conversavam de verdade com as cenas, emoções e com aquilo que os personagens querem nos falar realmente (importante demais em uma animação).

Temos aqui um contexto de formação de uma nova familia, após a morte de Ma Ma, Ba Ba conhece uma nova mulher e junto dela se junta Chin (Robert G. Chiu), que traz uma novidade e um incomodo para Fei Fei e a faz querer ir pra lua.

A história me tocou fundo ao trabalhar o tema da morte na visão de uma criança, não somente como somente sinônimo de sofrimento, mas sim como possuidora de uma agridoce sensação da lembrança dolorosa que não pode ser ignorada. porém deve te impulsionar a seguir em frente.

Acredito que a força que o roteiro tem de nos tocar, se da pelas mãos que os escreve, afinal Audrey Wells roteirista da animação é o mesmo que roteirizou O Ódio que Você Semeia (2018), que também faz parte do meu hall de filmes mais impactantes da vida. 

Temos então no longa a superação do luto, a busca pela própria identidade e a luta por ir atrás do seu um propósito e motivação para viver, além da construção e aceitação de uma nova família. Também teremos trabalhado (mesmo que minimamente) questões sobre crença e fé, afinal estamos falando de um contexto de lendas e mitos, então é importante pontuar.  

Passamos juntos com Fei Fei e a Deusa da Lua, Chang’e (Phillipa Soo) , o enfrentamento da dor, pensando em como seguir em frente, aprendemos a sermos empáticos e percorrer o caminho juntos; aprender a reconhecer que seus momentos de tristeza/luto, não são fraquezas, mas sim combustível que nos auxiliar a ir cada vez mais longe, reconhecer que somos capazes, que podemos seguir em frente.   

Temos tudo isso muito bem trabalhado para o público adulto (como eu), mas se tratando de uma animação temos esse tema também trabalhados com o público infantil, onde a, rainha Chang’e, dentro da sua dor povoou a lua com suas lágrimas de saudade do seu verdadeiro amor. Ali na lua ela se tornou A DIVA POP do seu próprio mundo. Claro que tudo isso de maneira hipnotizante alegre e colorida, fazendo com que os sentimentos que são mais tristes e difíceis de serem compreendidos sejam trabalhados de forma lúdica e iluminados de esperança. 

Eu não consigo pontuar uma coisa que tenha considerado um grave erro, ou algo que tenha saltado aos meus olhos como “ruim”, pois foi tão arrebatador trilhar os caminhos dessa história que até as partes mais devagares são interessantes.  A Caminho da Lua realmente foi mais um dos grandes acertos da Netflix, principalmente depois de terem feito um excelente trabalho na já citada Klaus

Temos até mesmo, fora tudo já citado, grandes referências aos clássicos do cinema, como a cena icônica de Viagem à Lua (de Georges Méliès, 1902) sendo recriada com a Fei Fei indo em direção a realização dos seus planos, voando para a lua. 

Esse filme é para você que ama uma extraordinária animação. Você que gosta de conhecer novas culturas, já que nesse filme é trabalhada a cultura chinesa, a mitologia, família e costumes. Para pessoas que gostam de uma história protagoniza por mulheres; ama fantasia e principalmente que gosta de analisar a riqueza que uma história pode ter e tirar os ensinamentos das mais diversas histórias.

Então não perca tempo, aproveita que ela está disponível na Netflix e assista essa animação de coração aberto, tenho certeza que você vai se surpreender.  

A CAMINHO DA LUA

Diretor: Glen Keane

Elenco: Phillipa Soo, Cathy Ang, Ken Jeong, Sandra Oh, Glen Keane, Kimiko Gleen, John Cho e mais

Ano de lançamento: 2020

Depois de ter finalizado a construção de uma engenhosa nave espacial, uma garota embarca para a lua para provar ao seu pai a existência de uma deusa mística que habitaria no astro. Chegando ao seu destino. a jovem descobre criaturas fantásticas que a ajudarão a completar sua missão e retornar para a terra sã e salva.

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