Ninfeias Negras é do autor Michel Bussi e foi lançado pela editora Arqueiro em 2017.

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Sobre o livro

No famoso vilarejo de Giverny, que é conhecido pelos pintores impressionistas, principalmente Claude Monet, viviam três mulheres. Uma velha senhora que morava em um moinho e observava tudo e todos sem nunca ser notada, uma jovem e bela professora que vive em um relacionamento infeliz e uma criança de 11 anos que tem um futuro brilhante pela frente. As três são completamente diferentes, mas possuem algo em comum: o desejo de ir embora desse lugar. Cada uma procura uma forma de sair dali, e cada uma possui um segredo escondido a sete chaves.

“A terceira era a mais talentosa; a segunda, a mais esperta; a primeira, a mais determinada. Na sua opinião, qual delas conseguiu escapar?”

Fanette Morelle apesar da tenra idade apresenta um dom único para a pintura. Vivendo em uma casa simples com a mãe, a garota vê em um concurso de pinturas a chance de sair dali. Sempre muito mais inteligente que os demais, a pequena garota desperta inveja e a admiração de todos. A professora Stéphanie Dupain está em um casamento infeliz, mas percebe uma mudança em sua pacata vida com a chegada de um belo inspetor no vilarejo, enquanto a velha permanece no seu moinho observando tudo que acontece ao seu redor, com a eterna dúvida sobre descer de lá e contar tudo o que sabe. Ela gosta de se comparar a um “ratinho preto” que apenas observa tudo, mas que não é visto por ninguém.

Certo dia Jérôme Morval, famoso cirurgião da cidade, é brutalmente assassinado. O inspetor Laurenç Sérénac, juntamente com o seu assistente, embarca nessa trama de mentiras e segredos para juntar os fatos e encontrar o autor do crime, pois a forma com que o homem foi assassinado é no mínimo estranha e as evidências não batem. Já não bastasse toda a estranheza do fato, dentro do bolso do falecido é encontrado um cartão-postal com a a imagem das Ninfeias de Monet, e com a seguinte escrita “ONZE ANOS. FELIZ ANIVERSÁRIO.”. E mais abaixo “O crime de sonhar eu consinto que seja instaurado.”. O que tudo isso quer dizer? Essa morte gira em torno de que? Seria um roubo de obras de arte? Um adultério? Uma criança? Milhões de possibilidades passam na cabeça do inspetor e ele precisa adentrar nesse jogo perigoso que ultrapassa gerações.


Minha opinião

Esse livro é sensacional. Minha dica é: LEIA. O que você está fazendo que ainda não leu esse livro? Logo no começo fiquei arrepiada com a forma sombria e cheia de charadas com que a nossa narradora principal, a velha do moinho, conta a história. Desde o início ela nos fala sobre mortes e que apenas uma das mulheres conseguiu sair do vilarejo. Desde então, ficamos tentando juntar os nós das parcas informações que dispomos. Por sabermos que o lugar realmente existe e que os dados informados sobre Monet e outros pintores são reais, a leitura torna-se ainda mais instigante e a todo momento embarcamos na veracidade dos fatos apresentados.

A riqueza de detalhes, que são extremamente minuciosos, nos transportam para esse local cheio de beleza e segredos, onde encontramos os famosos jardins de Monet. Após procurar algumas fotos do lugar, constatei que as descrições fazem jus a tamanha beleza. Fiquei encantada. Já sei que quero conhecê-lo.

Ter a história narrada pela nossa velha do moinho, do seu ponto de vista, é algo muito peculiar e agonizante. Ela fala diretamente com o leitor e deixa transparecer que sabe o que aconteceu, por muitas vezes, deixa claro saber quem é o assassino, mas ela acaba por nunca nos revelar, apenas dar pistas e de aguçar a nossa curiosidade.

“Nada foi deixado ao acaso nessa história, muito pelo contrário. Cada elemento está no seu lugar, exatamente no momento certo. Cada peça dessa engrenagem criminosa foi cuidadosamente posicionada e, acreditem, posso lhes jurar sobre o túmulo do meu marido: nada poderá detê-la.”

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No começo o livro é meio maçante, talvez por dar tantos detalhes de artistas e por citar tantos fatos históricos que envolvem o mundo da arte. Por não ser uma pessoa muito familiarizada com tais eventos, talvez tenha ficado um pouco perdida. Mas quando a história engrena, só vai. Não conseguimos mais tirar os olhos dessa trama incrustada de segredos. Como desde o início ela já nos conta o que vai acontecer, corremos para ver o desenrolar da história sem nem imaginar que aquilo é apenas a ponta do iceberg.

As três mulheres são geniais. A velha com sua maldade, com um jeito vil de observar a vida, clássico de uma pessoa amargurada, a jovem professora que guarda o seu segredo e apesar das circunstâncias da vida, ainda vê um futuro promissor com o seu amado e a pequena Fanette, dona de uma mente aguçada e que não deixa transparecer a idade que tem. Todas elas são maravilhosas, mas o inspetor Laurenç com certeza é o meu preferido. Do alto de sua pose de bad boy ele mostra que na verdade é um homem que possui uma grande sensibilidade e acaba por surpreender em vários aspectos.

Falar da história e não falar sobre a essa edição é no mínimo um ultraje. A capa está impecável, a caixa em que o livro veio é linda e todos os elementos trabalham para estar em harmonia entre eles. Fiquei com vontade de apenas ficar admirando esse conjunto que é uma obra de arte como as citadas no livro. O que me incomodou um pouco foi a diagramação que acabou cansando um pouco a leitura.

“As grades de Giverny se abriram para elas! Para elas apenas, como acreditavam. Mas a regra era cruel: somente uma poderia escapar. As outras duas precisavam morrer. Era assim que tinha de ser.”

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Demorei a entender a história, mas quando entendi fiquei de queixo caído. Nunca imaginei essa possibilidade. Todo o tempo eu induzi na minha cabeça que seria tal desfecho, mas em nenhum momento o autor falou que seria isso. Por isso, com esse final fiquei completamente abismada. Na hora de juntar os fatos, percebi o quanto havia sido negligente com as pistas que me foram dadas e que estavam na minha frente o tempo inteiro.

Em um primeiro momento nada faz sentido, as peças não se encaixam e chegamos a desistir de tentar encontrar algo que faça algum nexo. O autor foi simplesmente genial ao juntar os fatos, ele nos conduz o tempo inteiro como reles marionetes. Ouso afirmar que esse é um dos melhores livros que eu já li. Foi para a lista de favoritos certamente. Há muito tempo eu não lia um livro tão rico e que me conduziu pela história tão bem.

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NINFEIAS NEGRAS

Autor: Michel Bussi

Editora: Arqueiro

Ano de publicação: 2017

Giverny é uma cidadezinha mundialmente conhecida, que atrai multidões de turistas todos os anos. Afinal, Claude Monet, um dos maiores nomes do Impressionismo, a imortalizou em seus quadros, com seus jardins, a ponte japonesa e as ninfeias no laguinho. É nesse cenário que um respeitado médico é encontrado morto, e os investigadores encarregados do crime se veem enredados numa trama em que nada é o que parece à primeira vista. Como numa tela impressionista, as pinceladas da narrativa se confundem para, enfim, darem forma a uma história envolvente de morte e mistério em que cada personagem é um enigma à parte – principalmente as protagonistas.
Três mulheres intensas, ligadas pelo mistério. Uma menina prodígio de 11 anos que sonha ser uma grande pintora. A professora da única escola local, que deseja uma paixão verdadeira e vida nova, mas está presa num casamento sem amor. E, no centro de tudo, uma senhora idosa que observa o mundo do alto de sua janela.

 

 

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