A mulher do meu marido é da autora Jane Corry e foi lançado em 2018 pela editora Record.

Sobre a história

Lily é uma jovem advogada que acabou de voltar da lua de mel com seu marido, o aspirante a pintor Ed Macdonald. Os dois acabaram de iniciar uma vida juntos, mas nem tudo parece estar se encaminhando bem. A instabilidade do marido, as constantes crises de frustração e segredos que ele também esconde dela podem abalar esse casamento. Em meio a tantas brigas, eles acabam encontrando algo em comum a pequena Clara Cavoletti, sua vizinha de apenas 9 anos. Ela é capaz de animar Lily e vira a inspiração dos quadros de Ed.

O condenado Joe Thomas, acusado de assassinar brutalmente a namorada, está entrando com um recurso depois de dois anos preso. Lily é designada para o caso e passa a acreditar na sua inocência além de nutrir um estranho sentimento por ele. Joe passará a ser um grande enigma que ela terá prazer em desvendar. Nesse momento, ela precisa se dividir entre lidar com um casamento que parece fadado ao fracasso, libertar um homem que despertou seu interesse e cuidar de Clara por quem ela sente grande afinidade.

“Duas mentiras. Mentirinhas inofensivas. Para fazer o outro se sentir melhor. Mas é assim que algumas mentiras nasce. Pequenas. Bem-intencionadas. Até ficarem grandes demais pra serem controladas.”

Após mais de dez anos essas duas mulheres se reencontrarão. Lily como uma advogada bem sucedida e cheia de vigor, e Clara como uma linda jovem que está iniciando seus estudos no mestrado em direito. Esse reencontro pode trazer antigos segredos à tona e reviver velhas mágoas.


Minha opinião

O que você acharia de um livro que entrega um grande spoiler logo no início? Pois bem, imaginem a minha surpresa ao me deparar com um fato que só acontecerá em 2015 sendo que a minha história começará em 2000? Intercalando entre as narrativas dessas duas mulheres, Lily e Carla, observamos o quanto duas pessoas podem mudar com o tempo. Mesmo que a visão de cada uma seja diferente, notamos que elas seguem uma linha de acontecimentos onde cada uma complementa a história da outra e ajuda a montar esse quebra-cabeça. Gostei da forma como foi feita a construção dos personagens, já tinha alguns conceitos formados sobre elas, mas eles foram sendo derrubados conforme eu me embrenhava nesse nó de mentiras e segredos. O que duas mulheres com uma grande diferença de idade podem ter em comum?

Achei interessante o contraste entre os dilemas de Lily e a inocência de Carla quando é sua vez de contar a versão da história. Notamos como ela utiliza palavras simplórias para descrever o que vê e o que julga estar acontecendo. No começo fiquei intrigada com essa capa que apresenta um relevo bem onde temos essas marcas vermelhas – que no começo pensei serem de batom -, mas que eu não entendia o real significado. No entanto, quando comecei a entender a história e juntar os pedaços dessa trama, compreendi o seu real significado.

“Já temo a hora de voltar para casa. Quem vê de fora acha que estamos felizes. Vamos ao supermercado juntos nas noites de sexta-feira, assistimos aos nossos programas de televisão preferidos lado a lado no sofá depois trabalho e cuidamos da pequena Carla aos domingos.”

Lily possui muitos conflitos internos, algo escondido no seu passado e também no seu presente. Talvez por se cobrar tanto e levar uma vida tão difícil quando jovem, ela tenha criado uma barreira que construiu para dificultar a aproximação das pessoas. Ed conseguiu ter um vislumbre de como é além desse muro, mas não desvendou completamente quem ela é. Um casamento rápido, que foi construído em cima de segredos e que faz Lily questionar sua decisão. Será que ela fez mesmo a coisa certa?

Joe é um homem misterioso e peculiar. Sabemos que existe algo de errado com ele. Sua defesa é difícil de se confirmar em virtude dos tipos de ferimentos encontrados em sua namorada, e também por causa de seu comportamento obsessivo. Entretanto, ele consegue ser tão persuasivo e apresentar tantas novas visões sobre o caso, que quando percebemos também estamos envolvidos com ele. Outra pessoa que me deixou intrigada foi a mãe de Carla e as “lições de vida” que dá a menina, onde ela aprende a tirar proveito das pessoas desde pequena. Não é de estranhar que a menina veja o mundo de maneira tão distorcida.

“Sincera? Fico tentada, como já fiquei em muitas outras ocasiões, a lhe contar tudo. A culpa pesa em mim como uma pedra.”

Um ponto relevante foi como a autora tentou retratar as dificuldades enfrentadas pelas mulheres, tanto quando precisam passar por cima de seus princípios para sobreviver, assim como quando precisam suportar os percalços encontrados em um ambiente de trabalho predominantemente masculino. É gratificante ver o quanto ele soube lidar com isso e passou por cima dos obstáculos que a impediam de mostrar a sua capacidade. Ela surpreendeu pelo caminho que tomou durante esses anos, já Carla tornou-se exatamente o que eu esperava.

Nessa trama a nossa única certeza é que todos escondem algum segredo. Ninguém está livre de possuir algo que prefere guardar em uma caixa no fundo da memórias. Mas não somos todos assim? Em dado momento pensei que todos estavam mentindo, tamanha incerteza que se instaurava quanto mais eu adentrava nessa trama traiçoeira e tendenciosa. Mesmo assim, senti que faltou uma exploração maior sobre o que foi apresentado. Acredito que no final a autora fez uma correria para amarrar os nós que deixou e isso me passou uma sensação de desleixo. Poderia ser muito mulher se ela passasse a preencher as lacunas mais para a metade do livro, além de tentar apresentar um segredo que fosse mais elaborado e não algo que é possível inferir desde o começo. Vale a leitura, mas com ressalvas.

 

A MULHER DO MEU MARIDO

Autor: Jane Corry

Tradução: Márcio El-Jaick

Editora: Record

Ano de publicação: 2018

Quando Lily, uma advogada em início de carreira, se casa com Ed, um pintor frustrado, ela está disposta a deixar os segredos do passado para trás. Lily vê no casamento a chance de recomeçar, mas não consegue deixar de se perguntar se o marido superou mesmo o rompimento com a ex-noiva. À frente de seu primeiro grande caso, ela tem de dividir seu tempo entre o marido, que vive uma péssima fase profissional, e seu cliente, um homem condenado pelo assassinato da namorada e por quem talvez esteja disposta a arriscar tudo. Mas será que ele é mesmo inocente? E quem é ela para julgá-lo? Mas a advogada não é a única que esconde algo. Carla, sua vizinha de anos, conhece o poder de um segredo. A pequena imigrante italiana sofre por não ter pai, é vítima de bullying na escola e vive com o pouco dinheiro que a mãe ganha. Mas ela sabe que bons segredos podem comprar qualquer coisa. Principalmente os segredos do amante de sua bela mãe. A menina esperta, observadora e que compreende muito mais coisas que os adultos possam imaginar logo conquista a simpatia do casal de vizinhos, com quem passa quase todos os domingos. Para Lily, Carla é a desculpa perfeita para eles não pensarem nos próprios problemas. Para Ed, Carla vira a inspiração para um novo quadro. Uma década depois, quando Lily – agora uma advogada respeitada e bem-sucedida – e Carla – uma bela mulher que, quando menina foi o modelo da obra prima de Ed – se reencontram, uma série de coisas estranhas começa acontecer, e nenhuma delas pode imaginar o trágico desfecho dessa história.

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