Adeus, Tóquio é um livro da autora Cecilia Vinesse. A publicação é de 2017 pela editora Globo Alt.

Sobre o livro

Sophia mora em Tóquio, com a mãe e a irmã. Após mudar de cidade algumas vezes se estabeleceu ali, naquela cidade que nunca dorme, com pessoas vestidas de maneira muito peculiar, e naquele lugar do mundo onde é possível encontrar café com chá verde às três da madrugada. Em Tóquio ela fez amigos, desenvolveu uma queda por um deles, se desentendeu. Ali ela pintou os cabelos de laranja e iniciou seus planos sobre se tornar uma astrofísica.

Acontece que seus dias naquela cidade neon estão contados, pois em uma semana ela estará de volta ao Estados Unidos. Voltará ao país que já não considera seu lar, deixando para trás todas as particularidades da cidade que lhe abriu os braços como nenhuma outra.

“Acho que era por isso que eu tinha feito essa contagem regressiva idiota. Porque queria me agarrar ao tempo que ainda me restava aqui. Porque queria separar a despedida de todos os momentos – dos momentos melhores – que vinham antes. Era minha pequena experiência científica particular tentar reter aquele segundo, quando tudo o que eu mais estimava subitamente desapareceria.”

Através de uma contagem regressiva para a partida da protagonista Adeus, Tóquio conta a história de uma jovem que precisa descobrir de que maneira será capaz de abrir mão das suas amizades, amores, aventuras e de tudo aquilo que conquistou ali, e mais que isso, Sophia precisa encontrar uma forma de fazer cada hora daqueles sete dias valer a pena. Ela precisa provar e experimentar tudo o que Tóquio tem para oferecer.


Minha Opinião

Adeus, Tóquio me surpreendeu. A leitura começou muito despretensiosa, contando a história de uma jovem  de 17 anos que vive aquela angústia que toma conta do peito mediante a possibilidade de despedidas, de grandes mudanças.  Sophia está acostumada com Tóquio, gosta do ritmo da cidade, dos costumes cheios de particularidades, gosta da pessoa que se transformou vivendo ali. Ela mantém uma relação muito próxima com a mãe e é por conta de uma mudança de emprego dela que a família vai voltar para Nova Jersey, uma cidade que até o momento só fazia parte das lembranças.  Além da relação com a mãe, o livro mostra bastante a relação de Sophia com a irmã mais velha, uma relação que vai de fria a explosiva em um piscar de olhos. Mas o que começou a me cativar mesmo foi a relação de Sophia com seus amigos, com a cidade e com ela mesma.

“— Você é apavorante como um livro, pouco antes de acabar, entende? Quando você tem que largar, porque é demais para assimilar tudo de uma vez. Você é a pessoa mais apavorante que eu conheço.”

Com o passar das páginas eu me senti devorando o livro de maneira frenética. Com uma escrita muito simples e fluida, a autora soube apresentar uma Tóquio muito encantadora. Senti como se eu mesma estivesse viajando nos trens antes da meia noite, andando por entre uma multidão de pessoas que não param, olhando embasbacada para os prédios altos cheios de avisos luminosos, sentindo o calor da cidade e a necessidade de me refrescar com um copo extra grande de café gelado. Vi-me nas diminutas salas de caraoquês cantando de maneira desafinada tal qual os personagens, e sentindo vontade de experimentar tanto o refrigerante de melão quanto os lámen de missô com alga marinha, que podiam ser comprados em qualquer Kombini por ali.

Concomitante a isso fui sentindo a angústia e tristeza de Sophia, que a cada hora a menos no cronômetro mais se aproximava da realidade que queria tanto evitar: ela se afastaria de todas aquelas pessoas que conquistaram seu coração. Ela deixaria para trás seus verdadeiros amigos: Mika, uma menina durona e meio punk rock, mas que entende como ninguém a importância da amizade de Sophia. Mesmo assim em determinado momento Mika pisa na bola, e essa é uma das questões que precisam ser resolvidas durante esses dias… Será que elas conseguem resolver tudo?

Também  temos David, um garoto que é ao mesmo tempo divertido, egocêntrico e irresistível… E por quem Sophia acredita ter uma pequena queda.  Agora, o que ela fará a respeito disso? Por fim James surge na história. Ele e Sophia não se falam há três anos, desde que um mal entendido os afastou antes dele ir morar em outra cidade, para estudar num colégio interno. Como será essa relação agora que eles estão frente à frente de novo? Esses quatro amigos, que se conheceram e se uniram porque são todos estrangeiros vivendo em Tóquio, vão mostrar ao leitor quanta coisa pode acontecer em sete dias.

Embora a premissa dê uma  ideia de que esse é um livro sobre despedidas – e talvez o seja um pouco – conforme avancei na leitura percebi que a história é muito mais que isso. Adeus, Tóquio mostra o quanto a vida, os sentimentos, a percepção sobre o que achamos ser o certo e sobre aquilo que nem imaginávamos pode mudar em tão pouco tempo. Claro, nenhuma mudança drástica e irreal acontece, pelo contrário. Aqui acompanhamos aquelas pequenas mudanças que muitas vezes são as mais difíceis de acontecer, e as mais necessárias. O leitor percebe isso na forma que Sophia encara a despedida, na forma que ela expõe seus sentimentos, na maneira que ela decide pelo que vale a pena lutar ou abrir mão.

“Porém, depois que a poeira assenta, há possibilidades. Agora eu via isso. As contagens regressivas podem ser reprogramadas. No rastro do fim, outros começos podem surgir.”

Este é um livro fofo, sem grades dramas ou reviravoltas mirabolantes. É uma história muito factível, mas que ao mesmo tempo se torna mágica. Talvez pela riqueza de detalhes mostrados ao leitor; esses pormenores são capazes de nos transportar para o outro lado do mundo e nos fazer querer saber mais sobre uma cultura tão diferente da nossa. Este é um livro que recomendo para quem gostaria de ler algo leve, fofo, irônico e divertido. Indico para quem quer viajar sem sair de casa e embarcar em uma jornada meio maluca, com referências à culinária oriental, músicas melancólicas e filmes do Studio Ghibli.

ADEUS, TÓQUIO

Autor: Cecilia Vinesse

Editora: Globo Alt

Ano de publicação: 2017

Sophia tem apenas uma semana em Tóquio antes de voltar a morar nos Estados Unidos. Sete dias para dizer adeus à cidade que a acolheu e que lhe deu seus únicos amigos: Mika, uma menina completamente louca e inquieta, e David, por quem ela mantém uma semi secreta atração.
Para tornar a situação ainda mais difícil, Jamie Foster-Collins, um garoto com quem Sophia teve um grande mal entendido no passado, está de volta ao Japão, atrapalhando todos os seus planos para os últimos dias antes da despedida.
Entre caraoquês, comidas exóticas e cabelos coloridos, Sophia inicia a contagem regressiva do tempo que ainda resta para resolver todas as questões emocionais que a mantém ligada a essa cidade viva, elétrica e tão apaixonante.

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