Estrela da Manhã é lançamento de 2015 do autor André Vianco. O livro saiu pela Giz Editorial, no selo Calíope, criado exclusivamente para as publicações do autor.

Sobre o Livro

Rafael é um menino de 11 anos que perdeu o pai muito pequeno e tem pouca atenção da família em casa. Acima disso, o que mais o perturba é o bullying constante que ele sofre no colégio do valentão Maguila e de seus amigos. Sempre que menciona isso para a mãe, irmão ou professores todos recuam, pois a família do garoto é praticamente dona de toda a cidade, e eles não vão levantar um dedo contra eles para o ajudar.

Rafael está tentando contatar o pai através do ocultismo, pois pensa que se ele estivesse vivo não deixaria que isso acontecesse com ele. Numa dessas tentativas, através de uma tábua Ouija, ele consegue contanto com “alguma coisa” que o dá coordenadas em números e letras, que após certa pesquisa, ele descobre ser um site. Sem saber se foi o pai ou não que estava falando com ele, Rafael segue o rastro e acaba chegando até o Pé na Tumba, um site/aplicativo de aluguel de fantasmas.

Segundo a plataforma, por um valor justo você consegue alugar um ser sobrenatural por um determinado tempo para protegê-lo, ou fazer o que você precisar. E é quando ele visualiza o perfil de Estrela da Manhã que o garoto enxerga uma forma de se livrar dos seus problemas. A entidade promete 7 dias de proteção contra uma lista de 7 nomes que o menino deve dar, porém, o que Rafael não sabe é o que está implícito nessa “proteção”.


Minha Opinião

Eu estava com bastante expectativa para esse livro, porém não supri nem perto do que gostaria. Esse foi meu primeiro contato com o André Vianco, que já tem 15 livros publicados e é agraciado pelos leitores por seus livros sobre vampiros. Porém, como não tenho tido bom resultado com esses seres sobrenaturais, resolvi fazer minha aposta em Estrela da Manhã, que trazia um outro tido de criatura, num contexto bem diferente.

Primeiro, achei a capa do livro super bonita e condizente com a história e isso também foi uma das coisas que me direcionou para esse título. A outra coisa é que achei super interessante o conceito de “modernizar” os contatos espirituais. Hoje somos capaz de fazer tudo pela internet, porque não contatar um fantasma ou qualquer ser do tipo? Por isso achei a premissa muito bacana. Entretanto, acho que na execução da história a trama deixa bastante a desejar.

20160228_174325

Acho que a coisa mais importante está na idade do garoto, que tem apenas 11 anos. Em muitas partes do livro ele faz/diz coisas que não condizem com a idade dele, e eu falo isso porque tenho um sobrinho da mesma idade que também é super antenado na internet, mas que não faria metade do que vemos Rafael executar no livro. Pra mim o protagonista com essa idade não é crível e isso é um enorme problema.

Depois temos a questão dos clichês do terror: banhos de sangue, mortes “engraçadas”, overkill, as tradicionais cenas onde a pessoa deveria fugir e ela vai em frente e, claro, os rituais. Acho que aqui também foi bem triste ver o básico do básico DO BÁSICO sendo trabalhado.

Às vezes pegamos livros simples e eles tem uma super pesquisa por trás que nos levam a teorias loucas e a ir pesquisar também sobre o assunto.  Eles contam com a perspicácia do autor em conduzir o leitor através de uma história que pode ser simples, mas que o background ou o desenrolar é complexo e com elementos ocultos que cabem de uma explicação para compreensão, e isso não acontece aqui. Qualquer pessoa que tenha visto um episódio de Supernatural (ou qualquer filme/série que se aplique) manja tudo do ocultismo que é trabalhado aqui. Pentagramas, pactos de sangue, círculos de sal, isso ai.

20160228_174244

Fora isso, tenho 3 momentos da trama pra destacar e, caso você não queira algum possível spoiler, não leia. 1) Depois de apenas uma pequena argumentação a polícia da cidade acredita em um menino de 11 anos e monta um cerco para pegar a entidade (what ?). 2) uma adulta, que sabe o que realmente está acontecendo e inclusive já foi parte vítima do Estrela da Manhã, deixa conscientemente duas crianças de 11 anos em um cemitério para que eles façam um ritual para banir o ser sobrenatural (?). 3) O menino teve que contatar uma tábua ouija, receber um código, jogar na web, pesquisar, entrar num site que levava ao Pé na Tumba, depois baixar um aplicativo, tudo muito misterioso e difícil. Mas assim que a notícia vaza da polícia (?) TODO mundo consegue baixar o negócio, aparentemente somente digitando Pé na Tumba na sua Play Store ou Apple Store. Cadê a coerência, produção? Se era pra ser simples, porque o espírito já não causou uma interferência e mostrou direto o app pro garoto, ao invés de ele ter de fazer todo um paranauê pra isso? E, ele tem uma namorada, de 12 anos, que é sua maior defensora e eles trocam beijinhos e declarações de amor durante a história. Sobre o fim? Não quero nem comentar, pois assim como todo o livro, não convenceu.

“- Eu te amo – disse a menina do alto da maturidade dos seus doze anos.”

Não vou nem entrar no mérito sobre a escolha do nome da entidade ser bastante sugestiva e remeter a coisas que não tem nada a ver com o livro, porque bem, se você é ligado nessas questões você sabe quem é originalmente chamado de Estrela da Manhã e não, não é ele que aparece nesse livro. Sobre o bullying que é descrito na trama, também não achei que foi trabalhado da forma correta. Normalmente histórias que trazem esse tema vem com um final que dá um nó pra combatermos essa realidade, mas aqui parece que foi tudo uma grande piada. A forma como todos praticam o bullying tanto com o Rafael, como pelas costas para o Maguila, colocou na natureza de todo mundo isso como algo cruel. Ninguém parece compreender a realidade do que está acontecendo, é só ofensa, desejo de morte, crueldade. Parece que a personagem mais coerente seria a namorada do protagonista, sendo a única “sã” durante o livro, mas com seus altos e baixos também.

20160228_174007

Acredito que o André Vianco seja um bom autor e pretendo tentar novamente com outro livro, mas nesse parece que ele errou a mão. Não sei como é a escrita dele em Os Sete, seu livro mais comentado, mas achei bem simplista e bastante abrasileirada nessa história, intercalando entre páginas de longos diálogos com várias gírias, a enormes parágrafos descritivos ou dos pensamentos de Rafael.

Se você pretende ler Estrela da Manhã, aconselho em ir sem grandes expectativas de complexidade e realmente baixar a perspectiva para 11 anos, para que possa aproveitar melhor a leitura, além de claro, ser fã dos clichês de terror e ocultismo. Confesso que fiquei bastante triste, pois queria verdadeiramente ter gostado da história e encontrar aqui o Vianco que é tão bem comentado e apreciado, mas não foi dessa vez.

ESTRELA DA MANHÃ

Autor: André Vianco

Editora: Calíope

Ano de publicação: 2015

Rafael, um menino frágil e sensível, sofre a perseguição de um grupo de valentões na escola. Em casa, não encontra apoio da mãe relapsa nem do irmão mais velho. Perdido, tenta encontrar na internet, através da tela de seu smartphone, tutoriais de rituais para reencontrar seu pai morto. Ele acredita que somente algo vindo do além poderá ajudá-lo.
O menino é tão persistente que finalmente sua voz é ouvida do outro lado. No entanto, quem responde ao seu chamado não é o pai, mas uma entidade que promete protegê-lo de seus detratores durante sete dias. Rafael só quer ser protegido, por isso entrega à entidade a lista com os nomes dos que o aborreceram. Só quando a primeira pessoa de sua lista morre ele descobre que seu pesadelo está apenas começando.

Relacionados

Destaques

Insta
gram

[jr_instagram id='3']

Parceiros