Prince of Thorns é o primeiro livro da Trilogia dos Espinhos do autor Mark Lawrence. Foi publicado aqui no Brasil em 2013 pela Darkside Books.
Sobre o Livro
O Príncipe Honório Jorg Ancrath testemunhou o brutal assassinato de sua mãe e do irmão mais novo quando tinha 9 anos e isso mudou sua perspectiva de ver o mundo. Sendo deixado a beira da morte, com o corpo cheio de espinhos de uma roseira-brava, o garoto se recupera fisicamente com um desejo insaciável de vingança em sua alma.
Vendo o pai não fazer nada contra o oponente que ordenou a morte da Rainha, Jorg toma para si a tarefa de fazer com que ele pague pelo que fez. Aos 10 anos ele foge do castelo e se alia com uma irmandade de assassinos, caminhando com eles através dos reinos devastando e manchando de sangue todo o caminho por onde passam.
“O ódio vai mantê-lo vivo onde o amor falhou.”
Quatro anos depois e agora líder desse grupo, que viu na brutalidade de Jorg um potencial e uma ameaça, ele começa a caminhar de volta pra casa para reencontrar o pai e reafirmar seu direito ao trono. Com uma sede de vingança e poder, Jorg é cruel, sanguinário e psicopata. Qualquer um que ameaçar seus planos terá um triste fim e suas alianças só duram enquanto o favorecem. Ele quer o seu lugar como Príncipe Herdeiro, ele quer o reino do pai, ele quer todo o Império Destruído e pouco importa quem terá que morrer para que isso aconteça.
Minha Opinião
Prince of Thorns é uma fantasia medieval diferente, não há herói, é pesado e sombrio. Você não sabe pra quem torcer, já que nosso protagonista não é nem de longe uma boa pessoa, ele é sanguinário e cruel, e para contrastar com isso, é apenas uma criança de 14 anos.
Apesar disso, é super possível entender os motivos pelos quais ele faz o que faz. Ao ver a mãe e o irmão sendo assassinados algo se quebrou dentro de Jorg, e ao saber que o pai iria aceitar a troca proposta pelo inimigo sem retaliações, o desejo por vingança contra ambos se formou e ele correu atrás disso. Mas, primeiro, ele precisava se tornar notável, precisava conhecer a vida e fazer isso longe dos olhares atentos do castelo, então ele foge e se mantém afastado por quatro anos, até que algo o conduz de volta. Esse retorno, obviamente, não será fácil ou tranquilo e o Rei que o espera está muito longe de ser alguém que ele quer chamar de pai.
“Envolvemos nosso mundo violento e misterioso num pretenso conhecimento. Embrulhamos os vácuos de nossa compreensão com ciência ou religião, e passamos a acreditar que a ordem foi imposta. E, na maior parte do tempo, a ficção funciona. Roçamos a superfície, ignorando as profundezas. Somos libélulas voando sobre um lago, com quilômetros de profundidade, perseguindo caminhos erráticos atrás de causas sem sentido. Até aquele momento quando algo vindo do frio desconhecido vem à tona atrás de nós.
As maiores mentiras guardamos pra nós mesmos. Somos deuses em nossos jogos, nos quais fazemos as escolhas e as correntezas seguem nossa vigília. Pretendemos nos separar do que é selvagem. Imaginamos que o controle humano é total, que a civilização é mais do que uma camada, que a razão nos fará companhia nos lugares escuros.”
No começo, foi complicado imaginar um garoto de 14 anos fazendo as coisas que Jorg fazia, mas com o passar das páginas fui entrando dentro da cabeça do protagonista e visualizando as coisas com seus olhos. Ele precisou amadurecer mais rápido e isso o endureceu, o fortificou e o tornou quem agora ele é. O desejo pela vingança falou mais alto do que qualquer empatia que ele podia ter e isso foi consumindo seu ser, dando lugar à raiva. Há apenas um breve momento onde temos um vislumbre do que poderia ser um sentimento, mas ele logo passa.
Um protagonista anti-herói é algo novo pra mim. Nunca tinha lido uma fantasia com um personagem tão forte desde tão novo, e por isso talvez tenha demorado um pouco para entrar na história e acreditar no Príncipe de Ancrath.
Foi muito interessante acompanhar a história do seu ponto de vista e ver como tudo se forma na sua cabeça. Quem ele vê como um grande “amigo” hoje, amanhã ele vai sacrificar em nome de algo que deseja mais, ninguém está a salvo, ele não ama ninguém, somente o poder e é isso que ele almeja a cada capítulo da narrativa.
As respostas sobre algumas perguntas que surgem no começo do livro, como por exemplo, porque voltar agora, são respondidas conforme caminhamos pelas páginas. Há muito mais oculto, muito mais que não vemos num primeiro olhar. Todo um mundo místico, de criaturas mágicas e sinistras e do controle sutil exercido pela mão de pessoas que desconhecemos, será revelado no andamento da história. O mundo parece vasto e cheio de possibilidades e Jorg vai jogando com elas conforme cruzam o seu caminho.
A parte do Castelo Vermelho foi uma das minhas preferidas do livro. Pude ver como Jorg é engenhoso com pouco, transcendendo ao desafio, e que mesmo estando vendo a história pelo ponto de vista dele, ainda é possível ver como ele nos surpreende. Já o final, veio pra mim de forma mais previsível, entretanto fiquei muito curiosa com o que virá no próximo livro, King of Thorns.
Foi uma leitura extremamente interessante e tenho estado muito feliz ao encontrar protagonistas com facetas novas em livros de fantasia, que não sejam sempre heróis perfeitos e imaculados. Jorg não é nada disso, é um sopro de maldade entusiasmante que contagia o leitor e faz com que talvez torçamos simplesmente pra que ele tome o que é dele – ou o que ele quer – sem ligar para as consequências.
Tem início a Trilogia dos Espinhos: Ainda criança, o príncipe Honório Jorg Ancrath testemunhou o brutal assassinato da Rainha mãe e de o seu irmão caçula, William. Jorg não conseguiu defender sua família, nem tampouco fugir do horror. Jogado à sorte num arbusto de roseira-brava, ele permaneceu imobilizado pelos espinhos que rasgavam profundamente sua pele, e sua alma. O príncipe dos espinhos se vê, então, obrigado a amadurecer para saciar o seu desejo de vingança e poder. Vagando pelas estradas do Império Destruído, Jorg Ancrath lidera uma irmandade de assassinos, e sua única intenção é vencer o jogo. O jogo que os espinhos lhe ensinaram.